Edward Whymper, conquistador do Matterhorn e de vulcões no Equador

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Muitos homens desafiaram as próprias vidas na época das grandes conquistas do montanhismo. Entre eles está Edward Whymper, o primeiro montanhista a chegar ao topo do Matterhorn com 4.478 metros nos Alpes da Suíça, uma montanha emblemática que é um clássico do alpinismo mundial.

Edward Whymper

Edward Whymper nasceu em Londres na Inglaterra em 1840. Vindo de uma família de artistas e exploradores, Whymper foi treinado para fazer gravuras em madeira desde muito jovem. E por volta de 1860 ele seguiu para a região dos Alpes para centrais e ocidentais a fim de produzir uma série de desenhos que lhe foi encomenda.

Assim o jovem artista teve o seu primeiro contato com as montanhas e se apaixonou por elas, tornando se um escalador na sequencia.  Em 1861 escalou o Mont Pelvoux e não parou mais. Foram varias investidas nas montanhas dos Alpes como Aiguille d’Argentière e Mont Dolent em 1864, e da Aiguille Verte , a Grand Cornier e Pointe Whymper no Grandes Jorasses em 1865.

Desenho feito pelo próprio Whymper.

Durante suas escaladas o inventivo Whymper desenvolve uma barraca que na época era mais apropriada para escalada em altitude. Ela possuía um formato de triangulo e pesava cerca de 10 kg. Era formada por uma estrutura de ferro e coberta com uma lona única feita de algodão cru. O chão possuía um piso que ajudava a proteger do frio. Dentro da barraca podiam se abrigar até quatro pessoas.

O designer do alpinista influenciou várias marcas e esse estilo de ficou conhecida como Tendas de Whymper e foram utilizadas em escaladas durante muitos anos. Ela só foi substituída quando surgiram as tendas de Charles Meade que eram um pouco mais leves. A primeira barraca criada pelo alpinista foi doada ao Alpine Club em 1965 onde ajuda a contar a história do montanhismo mundial.

Matterhorn, a grande conquista e tristeza.

Gravura de Whymper sobre o Matterhorn.

Ao longo dos anos Whymper foi ganhando experiência e se consolidando como alpinista. Mas o feito que marcou sua vida foi a conquista do Matterhorn. Foram oito tentativas durante mais de três anos até conseguir chegar ao topo dessa montanha.  Em 14 de julho de 1865, Whymper subiu por uma passagem íngreme e ameaçadora que antes era considerada perigosa demais para se escalar e venceu a temida montanha.

Desenho retrata acidente da época.

Porém essa conquista também foi marcada por uma grande tragédia. Durante a descida, um dos companheiros de Whymper escorregou e derrubou mais três alpinistas. A corda que usavam arrebentou e os quatro morreram (Douglas Hadow, Michel Croz, Charles Hudson e Lord Francis Douglas). Whymper ficou assombrado por esse acontecimento e passou a difundir ideias de cautela e segurança entre os praticantes de alpinismo. Tanto em uma revista da época como em seu livro Scrambles between the Alps (1871), o escalador relata como foi o acidente e sugere cuidado aos demais escaladores que se aventuravam nas montanhas.

“Suba, se quiser, mas lembre-se de que a coragem e a força são inúteis sem prudência e que uma negligência momentânea pode destruir a felicidade de uma vida. Não faça nada às pressas; observe bem cada passo e, desde o início, pense no que pode ser o fim”, escreveu Whymper em seu livro.

:: Veja mais: A conquista do Matterhorn – Cervino

Andes, um novo destino.

Após a tragédia no Matterhorn, Whymper não sentia mais prazer em se aventurar nos Alpes e partiu em busca de novos desafios.  A Groelândia foi seu destino seguinte onde contribuiu para desbravar o interior daquela região gelada e inóspita do Ártico com o uso de trenós apropriados.

Cotopaxi no Equador, um novo destino para Whymper

Em seguida Whymper viajou para o Equador onde fez importantes conquistas e descobertas nas montanhas e vulcões da Cordilheira dos Andes. Com o objetivo de estudar os efeitos da altitude e coletar dados sobre a doença do mal de altitude, ele fez duas subidas de Chimborazo (6.267m) em 1880. Também passou uma noite no cume do  Cotopaxi (5.897 metros) o vulcão mais ativo do mundo e fez as primeiras subidas de Sincholagua, Antisana, Cayambe, Sara Urco e Cotacachi. As experiências na América do Sul foram registradas no livro Viagens entre os Grandes Andes do Equador de 1892. Com sua experiência e cautela Whymper se tornou um dos grandes conquistadores dos Andes.

Seus estudos sobre os males da altitude receberam um prêmio da  Royal Geographic Society por concluir que a redução da pressão atmosférica leva a diminuição da quantidade de ar inalado.

Após a temporada no Andes, Whymper também passou uma temporada no Canadá onde conquistou o Monte Whymper e Stanley Peak na área de Vermilion Pass nas Montanhas Rochosas.

Monte Whymper no Canadá em homenagem ao seu conquistador.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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