A história começa em 2019, ocasião em que abrimos uma trilha para o cume do Pico do Meio, na Serra Grande de Ortigueira. Após a publicação de nosso relato, o Geólogo Geraldo Barfknecht (estudioso e apaixonado pelos Agudos do Tibagi) comentou sobre a existência de um marco geodésico perdido nesta Montanha, instalado pelo IBGE em 15/12/1956, indicando a cota de 1.135,98 metros s.n.m.
Após esta revelação, acrescentamos a busca pelo marco perdido ao nosso planejamento de 2020. Em maio, abrimos a Travessia da Serra Grande. O passo seguinte seria a abertura de uma trilha entre os Picos do Meio e do Portal, visando uma futura Travessia Portal/Serra Grande, com aproximadamente 20 km de percurso, que será a maior dos Agudos e do Norte do Paraná.
No último dia 21, enfim, demos sequência ao nosso planejamento. A equipe rolandense ficou assim constituída: Meu cunhado Lucas Zerbinati, Agner Grecco, meu filho Thomas Ben-Farina e, estreando na equipe, nosso querido Frater Luciano Aires (Marano) personalidade do cenário musical paranaense, ex-integrante da Banda Mais Bonita da Cidade e Terminal Guadalupe.
Partimos de Rolândia às 4 horas sob céu estrelado, temperatura amena e com a promessa de um dia perfeito na Serra. Após o reflorestamento, entramos na tela branca… Sem os Agudos como baliza, acabamos nos confundindo no labirinto de estradas e carreadores da região. Chegamos ao pé do Pico do Meio às 9h30. Decidimos seguir para o Portal e perto das 10 horas iniciamos a caminhada…
A ascensão ao Portal (1.095 metros s.n.m, segundo o Wikiloc) é fácil. Fisicamente equivale ao Morro do Getúlio, no Ibitiraquire. Não foi necessário abrir uma trilha, pois há caminhos de gado por toda face norte e leste da Montanha. O cume é parcialmente descampado com visuais belíssimos. Nos quadrantes Norte e Leste: Ybiangi, Serra Grande, Pico do Meio, Serra Chata, Serra do Gato e Cânion do Tibagi; Nos quadrantes Sul e Oeste: Usina Mauá, Telêmaco Borba, Natingui e a belíssima Serra do Cadeado (Apucarana).
Às 11h30, iniciamos a abertura de uma trilha pela face sudoeste do Pico do Meio. O trajeto pela floresta é tranquilo. A grande dificuldade são as macegas e samambaias do cume. Perto das 12h30 chegamos a um mirante na borda do Perau (aproximadamente 60 metros acima de onde havíamos instalado o Livro no ano anterior). Fizemos uma pausa para descanso. Neste momento, observei um sinal de concreto em baixo do pé do Marano… Seria possível? Limpamos a vegetação e eis que o Marco Geodésico apareceu em perfeitas condições! Eufóricos, comunicamos nossa sorte aos Mestres Geraldo e Vitamina.
Após a descoberta, nos dirigimos ao Livro de Cume para a última tarefa do dia. Substituímos o caderno e providenciamos um invólucro (zip lock) visando mitigar os efeitos da umidade sobre o Livro. Com a missão cumprida antes do previsto, ficamos tranquilamente descansando, colocando o papo em dia e apreciando um dos visuais mais incríveis do Paraná! Uma necessária e fundamental higiene mental em tempos de Covid-19 e efervescência política…
7 Comentários
Querido Paulo:
Muito legal essa incursão exploratória bem sucedida pela busca do Marco Perdido, reforçando, valorizando o montanhismo do Norte paranaense, visivelmente fruto de sua persistência, vocação, compartilhamento e socialização. Exemplo das boas práticas e comportamento, sem comprometer a Natureza. Parabéns!
Querido Mestre Vitamina!
Sinto-me honrado com suas generosas palavras! Nossa paixão pelo Montanhismo e pelos Agudos do Tibagi vêm da infância… Fazemos tudo com muito amor e da melhor maneira possível pelo bem de nossa Fraternidade invisível e atemporal… Saiba que a Tradição que procuramos seguir e propagar no Norte do Paraná é a do Marumbinismo, que têm em você, o maior símbolo e exemplo! Um Forte e Fraterno Abraço de Rolândia!
Paulo e Amigos de Rolândia e de todas as paragens, saudações, hoje, ontem e sempre!
Primeiro, honrados em citar-nos, embora tão pouco fizéssemos. Mas no momento que acharam o marco e nos avisaram, confesso, por pouco não sai correndo mesmo daqui de Curitiba. Ficamos felizes, cheios de alegrias, pois você Paulo, alem de completar todo o Circuito-Travessia dos Agudos do Tibagi, o único, pioneiro, redundância necessária, que sempre, desde o primeiro, disponibilizou todas as informações e belíssimas fotos, que permitiu ao estado, o mundo das caminhadas, montanhismo, ciclismo, etc., perceber, ficar boquiaberto, jogando as luzes para essa morfologia tão singular, vistas como o mais significativo Farol Orográfico de Caminhos do Paraná, desde os Precabralianos, visíveis da região central do estado, do norte pioneiro, região do Quartelá/Tibagi, Ibaiti/Japira, Rolândia, que você via da janela de sua casa e fazia planos, entre outras, num diâmetro de visão de mais de 150 km.
Por essa sua atitude, desde o primeiro relato, então, nosso respeito, admiração, apreço, do melhor que temos dentro de cada um, a alma também falando, pois ela é atemporal.
Em muito observamos o desaparecimento, o esquecimento e os marcos geodésicos, parecem que alem de seus nomes, identificações, invés do que alguns tem “não destrua”, pedem o contrário. Poucos se salvaram. Esse, com 64 anos, desde então, estava literalmente encoberto, enterrado e “vivo”. Lendo, que observaram que algo de concreto tinha, foi marcante, ele se revelou para quem muito merecia e faz a diferença. Uma parte da história das medições de montanhas voltou graças a vocês.
Todo o texto, que sempre reflete a beleza extraordinária das paisagens por vocês percorridas, remédio para todas as pandemias e repito-me aqui, você nos leva junto, ludicamente e com companhia agradabilíssima, nessa com novo integrante, seu cunhado e seu filho Thomas Ben, que por si só é comovente, inspirador, pois é arte difícil fazer os filhos irem sem obrigação e as fotos dele, mostram que jamais irá esquecer esse momento compartilhado. Muito obrigado, Paulo, pois temos agora esse resgate que ilumina a orografia paranaense, sulina.
Algumas palavras tornam-se mais abundantes, fortes, elevam-nos, quanto mais dizemos, usamos. Assim, amigo Paulo. OBRIGADO.
Grande Mestre Geraldo,
Sou eu quem lhe agradece a amizade, os ensinamentos e a confiança em atribuir-nos esta missão. Sem dúvida, o resgate histórico que você e o Vita fizeram aumentou o encanto e a magia dos Agudos do Tibagi. Entretanto, ainda há muito por ser feito, descoberto e redescoberto com sua ajuda e apoio, estimado Irmão! Apenas um parêntesis: Encontramos o marco em um golpe de sorte, ou seja, antes de consultar as coordenadas do IBGE no Wikiloc. Posteriormente, fomos verificar as variações, eis: IBGE: 23° 56′ 26,76 ” S; 50° 46 ‘ 08,80 “W. Wikiloc: 23º 94´ 07,91″ S; 50º 76´ 90,97” W.
Forte e Fraterno Abraço de Rolândia!
Querido Paulo:
Muto legal essa incursão exploratória bem sucedida pela busca do Marco Perdido, reforçando, valorizando o montanhismo do Norte Paranaense, visivelmente fruto de sua persistência, vocação, compartilhamento, socialização. Exemplo de boas práticas e comportamento, sem comprometer a natureza. PARABÉNS!
Estimado Irmão, então teremos que retornar ao Pico do Meio para assinar novamente o livro e aproveitar e fazer o Portal. TFA
Faça isso, meu estimado Irmão! Vc não irá se arrepender… Um forte TFA!