Dentro do montanhismo várias escaladas de grande porte são reconhecidas e glorificadas, entretanto como não existe um arbitro na montanha, a palavra de um montanhista por muitas vezes é a única prova de que tal feito tenha realmente acontecido. Por isso, ética e a idoneidade de um escalador ao falar a verdade é um dos seus maiores valores. E aos que tentam ganhar os louros de uma grande escalada sem realmente tê-la feito fica a chance de ser desmascarado publicamente.
Essa semana o alpinista francês Rodolphe Popier colocou em cheque essa idoneidade do famoso montanhista Ueli Steck, conhecido como The Swiss Machine (a maquina suíça), em uma entrevista ao jornal El País. “Acho que Ueli Steck mentiu”, falou o analista de escalada ao citar a subida feita por ele ao Shisha Pangma em 2011 e no Annapurna em 2013.
Steck afirmou ter realizado a ascensão em solo do Shisha Pangma e posteriormente repetiu o feito no Annapurna. Isso lhe rendeu o premio Piolets d’Or (Piolet de Ouro) em 2014 e desde então suspeitas o cercam sobre essas escaladas. Assim, Popier segue nessa linha e assegura que há inconsistências e falta de evidências no relato do alpinista.
O montanhista suíço faleceu em 2017 durante uma escalada ao Nupse no Himalaia. Popier chegou a confrontá-lo pessoalmente antes de sua morte, porém houve apenas desentendimento entre os dois. Após o acidente com Steck, Popier foi desencorajado a continuar com as pesquisas.
Ele trouxe a polêmica a tona novamente essa semana com o objetivo de debater a necessidade da apresentação de provas conclusivas das atividades dos escaladores. De acordo Popier“os montanhistas devem se organizar, assumir a responsabilidade de preservar o princípio fundamental de sua prática em liberdade. É algo que deve interessá-los porque nos tempos em que vivemos a palavra dada não vale nada, por isso é melhor cobrir-se com evidências que sejam simples de apresentar”.