Mingma G escala cume verdadeiro do Manaslu e reascende discussão que pode mudar a história do montanhismo

0

O nepalês Mingma G e sua equipe chegaram ao cume do Manaslu em 27/09, todavia não foi o mesmo cume que dezenas de outros montanhistas chegaram nessa temporada e em anos anteriores. Essa é a primeira vez em nove anos que montanhistas chegam até os 8.163 metros de altitude da oitava maior montanha do mundo. De acordo com especialistas nos oito mil metros, esse cume é 20 metros mais alto que as outras elevações da crista somital.

Foto feita de drone mostra escaladores no cume usual e o resto da montanha. Foto: Jackson Groves / IG

Mingma G estava acompanhado por treze sherpas e oito montanhistas de seis países diferentes. Assim, para chegar ao cume, eles subiram até o final das cordas fixas e desviaram a rota por uma crista da montanha, em um terreno muito íngreme até a base dessa última elevação.

“O verdadeiro cume do Manaslu está concluído. Sou grato à minha equipe do Imagine Nepal e aos guias do NNMGA que tornaram essa escalada possível… O topo é o topo, não há mais subidas, tudo abaixo de você” comentou Mingma em um vídeo no topo da montanha.

Uma nova discussão

Com os estudos sobre a altitude do Manaslu e esse registro de cume, uma nova discussão surge no montanhismo do Himalaia. Estima-se que pelo menos 25 montanhistas que aparecem na lista do projeto 14 X 8000 não teriam pisado no verdadeiro cume do Manaslu. Assim, há quem diga que é necessário reescrever a história contando apenas as subidas até o verdadeiro cume e também outros que defendem aceitar uma certa zona de tolerância para essa montanha.

“Será uma discussão difícil e contenciosa. Se os cumes anteriores forem invalidados, precisaremos alterar muitos recordes de montanhismo. Não estamos falando apenas de recentes, como o 14x8000m mais rápido de Nirmal Purja (feito quando a distinção entre o cume falso e o cume verdadeiro no Manaslu era bem conhecida). Para citar alguns outros, Edurne Pasaban, a primeira mulher a escalar todos os 14x8000ers, escalou Manaslu no outono de 2008; A primeira descida completa de esqui de Adrian Ballinger no outono de 2011; recordes de velocidade de escalada por Andrej Bargiel em 2014 e, em seguida, Francesco Cazzarelli em 2019. Todos inválidos, ou pelo menos, sob um asterisco. E a lista continua”, disse Tobias Pantel, integrante do Himalayan Database.

Escaladores reunidos no cume falso enquanto a equipe de Mingma avança um pouco mais além. Foto: Jackson Groves / IG

A primeira morte nessa temporada

Também foi registrada a primeira morte em um oito mil metros durante essa temporada de outono no Nepal. O canadense Brent Seal, de 37 anos, faleceu acima do acampamento 4, por volta dos 7.450 metros de altitude no Monte Manaslu. “Seu corpo foi transportado de avião para Katmandu. Acredita-se que tenha sofrido um ataque cardíaco”, disse à AFP Bodha Raj Bhandari, da agência Snowy Horizon Treks and Expedition. Seal não pertencia a equipe de Mingma G.

A temporada de outono é menos cobiçada que a de primavera por conta de seus dias mais curtos. No entanto, o governo nepalês emitiu apenas 253 autorizações para escalada de grandes montanhas que seguem até o mês de novembro.

Compartilhar

Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

Deixe seu comentário