Alpinistas cegos chegam ao cume do Aconcágua

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Os alpinistas romenos Alex Benchea e seu parceiro Răzvan Nedu chegaram ao cume da montanha mais alta das Américas, o Aconcágua (6.962 m). Algo que seria um feito comum para muitos montanhistas do mundo, mas que ganha uma dose a mais de superação para os dois. Benchea é cego e Nedu possui apenas 1% da visão.

Os dois amigos fazem parte da Seleção Nacional de Paraescalada.

Para chegar ao cume eles realizaram o circuito Aconcagua 360, saindo de Plaza Argentina e passando por Plaza de Mulas antes de seguir para o topo. “Foi a subida mais longa e complexa até hoje, e o circuito 360 exigiu mais logística e preparação. […] Para mim, os momentos mais difíceis foram entre o acampamento 1 e o acampamento 2, onde lutei com insuficiência respiratória, o frio no dia do cume, e depois a descida.Agora, no final, posso dizer que não acho que o pico em si importe, mas ter um objetivo, um objetivo que te ajude a evoluir na vida “, contou Benchea .

Essa é a primeira vez que cidadãos romenos chegam ao cume dessa montanha segundo a imprensa local. Os dois amigos fazem parte Seleção Nacional de Paraescalada e foram acompanhados pelos montanhistas Teofil Vlad e Anca Mihuțescu e o argentino Pablo Tapia.

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“O dia do cume foi o mais difícil. Senti que não conseguiria atravessar os últimos metros inteiro. Estava tropeçando a cada passo. Os outros alpinistas, que vieram de todo o mundo, encorajaram e nos aplaudiu, mas continuei parando, perdendo o fôlego, procurando por ar. Eu sabia que exigia pequenos passos e planejamento”, lembrou Răzvan Nedu.

“Partimos para o cume no dia 17 de dezembro às 5 da manhã. O vento previsto era de 50 km/h e a temperatura era de -31 graus C. Por volta das 15h30, depois de mais de 10 horas, alcançamos o topo, e às 16h começamos a descida”, disse Vlad.

Além do Aconcágua, os dois montanhistas também já estiveram no topo do Kilimanjaro, ponto mais alto da África, e do Elbrus, ponto mais alto da Europa. Assim, os dois já possuem três dos 7 cumes no currículo.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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