Após 42 anos da 1ª escalada no Everest sem oxigênio poucos conseguiram repetir esse feito

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Muitas discussões são ouvidas o mundo do montanhismo sobre a ética de escalada. Com oxigênio ou sem? Com cordas e escadas fixas ou não? É possível pegar uma caroninha de helicóptero até a base ou assim não vale? Chegar ao topo de uma montanha com a ajuda de certo aparatos que facilitam a subida, não é bem vista por alguns. Já outros, acreditam que esses são apenas meios de tornar possível essa grande missão. Certo ou errado, o fato é que escalar o Everest é para poucos, e escalar essa montanha sem oxigênio é para menos pessoas ainda.

Messner e Habeler em 1978

Há 42 anos atrás, Reinhold Messner e Peter Habeler conseguiram algo que era considerado impossível até então. Eles chegaram ao topo do mundo sem usar oxigênio suplementar.  Messner sempre foi defensor da escalada mais limpa possível, porém até aquele momento, acreditava-se com embasamento cientifico que o corpo humano não poderia sobreviver à altitude superior a 8.500 metros sem oxigênio engarrafado.

Messner e Habeler descidiram decidiram testar isso na prática. Eles não pretendiam chegar ao cume, mas apenas descobrir até que altitude aguentariam sem o auxilio de oxigênio. Assim, os dois atacaram o cume em estilo alpino, durante o dia, sem mochilas e bem devagar.  Um passo de cada vez até chegar ao limite.

O desafio

“Nós disseram que éramos suicidas e loucos. No entanto, subimos quase 8.900 metros e descemos para o acampamento base sãos e salvos “, disse Messner em uma entrevista em 2018.

Os dois acreditavam que ao atingir o limite físico humano, eles iriam começar a ficar confusos ou simplesmente apagar. “Antes de começar a escalar, eu estava com mais medo, mas à medida que ganhávamos altitude, parecia que eu estava subindo nos Alpes. Não pensei mais nos problemas de oxigênio e me concentrei em cada passo que dava. Eu estava esperando o momento em que ficaria um pouco louco, estava esperando, estava esperando, mas esse momento nunca chegou”, revelou Habeler.

Assim, os dois foram subindo pouco a pouco e alcançaram o cume às 13h15 no dia 8 de maio de 1978. Lá permaneceram por cerca de 15 minutos, tiraram algumas fotos e deixaram um pedaço de corda no topo da montanha para provar que haviam chegado.

Desde então muitos tentaram escalar o Everest, mas somente 5% dos alpinistas, o que significa menos de 200 pessoas conseguiram completar essa façanha sem o uso de oxigênio.

Messner e Habeler também receberam muitas críticas e foram acusados de serem irresponsáveis contra suas vidas e de incentivarem uma atividade extremamente perigosa, visto que muitos montanhistas já morreram nessa montanha. Porém, Messner revidou as criticas: “Éramos montanhistas reais: cuidadosos, conscientes e, inclusive, temerosos. Ao escalar montanhas não estávamos aprendendo o quão grande éramos. Estávamos descobrindo o quão frágil, fracos e temerosos somos.”

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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