Carretera Austral: de Puerto Tranquilo à Puerto Guadal

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Acompanhe os relatos de Aline Souza em sua cicloviagem pela Carretera Austral desde o começo:

Dia 16 – 07/01/2019

  • Trajeto: de Puerto Tranquilo à Puerto Guadal
  • Distância: 60km
  • Acumulado de subidas: 828m
  • Acumulado de descidas: 834m
  • Terreno: rípio (e lama)

Depois de tanto stress na noite anterior, obviamente não dormi bem. Não bastasse isso, ainda choveu a noite toda e o quarto onde estava tinha telha brasilit, comum por aqui, e o barulho acaba sendo super amplificado.

Havíamos combinado o café para as 8 h, mas 7h 30 eu já estava preparando meus 3 ovos com legumes (acabei comendo a seleta de legumes que comprei para comer na noite anterior, e não comi, para não estragar). Além dos ovos com legumes ainda inclui pão, mel, banana, aveia e café no pequeno desjejum.

Continuava chovendo bastante, a internet não estava funcionando e eu fiquei me enrolando nos preparativos para sair.

Quando Julien foi colocar seu alforge na bike viu que o pneu estava furado, ajudei um pouco e acabei ganhando tempo para ajeitar minhas coisas com calma. Havia parado de chover e estava apenas nublado, mas como estava frio, me encasaquei toda. Saímos por volta das 9h 30.

Saímos animados em direção à Puerto Guadal. Logo na saída ouvimos sirenes altíssimas na vila, seguidas de barulhos de carro de polícia/bombeiros, ficamos bastante curiosos, mas até hoje não sei o que aconteceu. Logo começou a chover. Ficou um tal de chove não chove o dia todo. Perdi as contas de quantas vezes coloquei e tirei minha linda capa amarela.

Seguimos o trajeto percorrendo o lago General Carrera, com a mudança dos planos acabaríamos percorrendo uma grande distância ao redor do lago.

O lago General Carrera situa-se na Patagônia, tem uma profundidade máxima de 590 metros, e é compartilhado pelo Chile e Argentina. Tem uma superfície de 1850 km², e é o segundo da América do Sul, menor apenas que o Titicaca.

Inicialmente o clima estava muito nublado e não dava para ver todo verde/azul, o lago estava com ares de mistério, mas logo veio o deslumbre.

O trajeto era cheio de sobe e desce e se tornava ainda mais pesado pelo rípio, chuva, lama e buracos.
Por outro lado, a essa altura do campeonato já estávamos bem acostumados com tudo isso, além disso, sabíamos que só teríamos cerca de 60 km para cumprir … então estava tudo bem e eu seguia sem muita pressa, aproveitando o trajeto.

Paramos em torno do km 30 para comer, esse foi o primeiro local abrigado do caminho, para variar um ponto de ônibus (bem ajeitado até, na pequena vila de umas 10 casas).

Comi de tudo um pouco, ovo cozido, pão com banana e mel, cookies. Quando estávamos saindo fomos encontrados pelo Reinhold, nosso amigo alemão. Que alegria, que surpresa boa, poderia jurar que ele já estava muito na nossa frente.

A partir dali o céu se abriu mais, paramos mais e tirei fotos, coisa boa.

Seguimos os 3 juntos até o km 50. Nessa bifurcação eu e Julien nos despedimos do Alemão, agora sim de forma definitiva, e também da Carretera Austral, já que a partir dali seríamos em direção de Chile Chico, utilizando a Ruta 265.

A Ruta 265 trouxe algumas surpresas: a paisagem ficou ainda mais linda, o rípio melhorou, as subidas se tornaram bem longas, sendo anunciadas a distância e, pela primeira vez vi lama como vemos aqui, melequenta. Seguimos rindo, porque rapidamente nós e as bikes ficamos completamente sujos.

A paisagem era realmente muito linda, queria muito ter tirado uma foto minha com o lago ao fundo, mas Julien não estava muito paciente, seguiu na minha frente durante os 9 km que nos restavam.

Tentei tirar uma foto sozinha, mas não deu muito certo, então fotografei minha modelo.

Mesmo nublado, a paisagem da chegada em Puerto Guadal é de tirar o fôlego. A Villa fica num vale e está rodeada pelo lago General Carrera e por lindas montanhas nevadas.

Chegamos bem cedo, por volta das 16:30. Estava enlameada, molhada e com frio. Conversei um pouco com o dono da pousada, retirei as coisas da bike, me ajeitei no quarto, tomei um banho quentinho e logo saímos para dar uma volta na Villa e comprar comida.

Não poderíamos utilizar a cozinha e não encontramos muita coisa na vila. Compramos pão, chocolate, amendoim, biscoitos e um vinho. Julien comprou também empanadas, pareciam muito boas, mas tinham presunto, dispensei.

Fizemos um lanche no quarto mesmo. Estudei nosso roteiro do dia seguinte tomando vinho (teremos muita altimetria) e pouco depois das 21 h já estava na cama.

Continua…

Carretera Austral: de Puerto Guadal à Chile Chico (quase)

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Sobre o autor

Aline Souza, mais conhecida como Aline Elétrica por ser engenheira elétrica é uma multi atleta de Florianópolis - SC. Ela pratica corridas de aventura, trekking, ciclo turismo e escalada em rocha. Siga ela no Instagram @alineeletrica

2 Comentários

  1. Álvaro Jorge Pereira em

    Estou gostando muito dia seus relatos, Aline.
    Parabéns!
    Estou me inspirando a fazer a mesma viagem.
    Se puder, gostaria de falar pessoalmente com você.

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