Há anos estava ensaiando alguma excursão pelas Montanhas de Joinville por ocasião das minhas férias anuais em Guaratuba. Desta vez, o plano inicial era fazermos o Pico Jurapê (mais exigente da região) mas, como meu filho Thomas convidou dois amigos, Silveira e Pansarini (que nunca haviam praticado montanhismo) acabamos optando pelo belíssimo Castelo dos Bugres.
Este morro é uma formação de rochas graníticas sobrepostas, no alto da Serra do Mar Norte Catarinense (aproximadamente 970 metros s.n.m), cujo acesso se dá pela bela e turística estrada Dona Francisca. O percurso (cerca de 4 km) é marcado por pequenos mananciais de água, exemplares de árvores frondosas e muita biodiversidade vegetal e animal.
Fizemos a trilha em 40 minutos (no ritmo dos jovens) e chegamos ao cume com boa visibilidade. O alto da formação é um autêntico anfiteatro da Serra, de onde se contempla trechos imensos de Mata Atlântica, parte da Baía de Babitonga, o Jurapê, Morro Pelado, alto da Serra do Quiriri e vales circundantes…
Uma lenda regional afirma que ali existe uma entrada para o centro da Terra – procuramos, mas não encontramos… Outra narra que, em noite de Lua Cheia, aparece um bugre montado em um cavalo branco. Lendas à parte, ficamos lagarteando no alto da pedra contemplando o fantástico cenário por cerca de 1h quando começaram a aparecer os primeiros montanhistas catarinenses…
Decidimos descer para dar um tchi-bum na gélida cachoeira existente no início da trilha. Chegamos lá em cerca de 35 minutos e aproveitamos bastante! Perto das 12h seguimos para Joinville com a finalidade de comprar fumo de corda e visitar o histórico Cemitério do Imigrante (datado do Século 19) onde diversas personalidades da região estão sepultadas.
Passeando entre as antigas lápides acabamos nos deparando com o jazigo de um dos precursores do montanhismo catarinense: Johan Paul Schmalz que, em 06 de junho de 1886, acompanhado por Bruno Clauser, Hahn, Jacob Schmalz, Otto Delitsch e mais dois sujeitos definidos como “alugados”, atingiram o cume do Jurapê, após três dias de trabalho, abrindo uma trilha pela floresta extremamente cerrada.
Foi uma escalada autêntica, pois subiram a montanha apenas “porque ela estava lá”. O Jurapê é uma montanha estética e imponente, com 1.100m de desnível e terreno íngreme que sempre intrigou Schmalz que era um grande apreciador e conhecedor das belezas naturais da região. Pelo valor histórico, beleza cênica e por ser uma das Montanhas mais desafiadoras de Santa Catarina um dia retornaremos para subir a emblemática Montanha de Schmalz!
1 comentário
Eu sou apaixonado por montanhas e cachimbos, em Curitiba temos uma confraria inclusive, bons ventos e boas baforadas!