Percorremos o circuito de montanhismo mais austral do planeta, encarando quatro dias de nevascas, chuva, lama e muito frio para revelar extremos da América do Sul.
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O dia amanhece bonito e quente como todos os de minha estadia em Skardu. Eu sinto-me triste porque o melhor da viagem terminou: o maravilhoso trekking e a convivência com os porters, admiráveis na árdua labuta de transportar, em suas costas, 25 kg de carga ao longo dos 12 dias de caminhada. Embora rudes e pobres, são gentis, alegres e respeitosos.
Antes de mais nada, prometi a algumas pessoas deixar aqui o telefone de contato de um transporte de Potrerillos até a estação de ski, o nome dele e Jorge Orduna, um renomado escritor de Mendoza. O telefone e (0261) 156125921. Cobra 40 pesos por pessoa para subir de 4×4. Aqui segue um link pra saber quem é e ver a obra mais conhecida do autor: Jorge Orduna.
Depois da minha descida inoportuna do Cordon Del Plata, fiquei na cidade por mais alguns dias me recuperando da gripe, três dias foram suficientes para tanto.
Quando acordo, já há movimento no camping. E olha que são 5:45. Assim acontece porque, como nós, os tchecos, também, retornam a Skardu a fim de curtirem os lagos Shangrila e Satpara. Aquela azáfama típica de desarmar acampamento toma conta do lugar. Cada porter cumpre sua função: alguns dobram as tendas, uns lavam louça e outros ajeitam toda tralha nos tonéis….enfim, uma excitação agradável de fim de festa, e de uma festa que foi boa.
Seguimos para o camping Piedra Grande fazendo porteio. A essa altura o peso reduziu um pouco, mas mesmo assim fizemos duas viagens pra subir com metade do peso e depois a outra metade.
Casa Grande é uma localidade em Biritiba-Mirim (Mogi das Cruzes) da qual apenas ouvira falar faz algum tempo, na Região Metropolitana de São Paulo, há 94 kms da capital. A pequena vila na verdade é um complexo da Sabesp inaugurado em 1939 q , alem de abrigar hippies na década de 60 após sua desativação, detém uma localização privilegiada no alto da serra e está repleta de atrativos naturebas. Estes vão desde vários remansos bucólicos, poços e cachus dos rios cristalinos, belos visus do litoral e até caminhadas q descem ate Bertioga. E foi lá q tivemos um bate-volta apenas pra sentir o gostinho deste desconhecido rincão próximo à urbe. Um pto prolífico pra futuras incursões localizado no centro da Serra do Mar mogiana.
Eu, Edson Vandeira e Erik (não o viking, o uruguaio fedido) chegamos a estação de ski Vallecitos, nos registramos e começamos a subida penosa de 200 metros de desnível ate o primeiro acampamento, Las vegitas. Digo penosa pelo peso e pelo sol e claro, se estivesse frio, não haveria problema sobre o peso…
Estou de volta a civilização por alguns dias, pelo menos ate me recuperar de uma gripe muito sem graça que me acometeu, depois conto com calma, pois o relato vai em partes.
Além das notórias Trilhas do Ouro, das densas florestas em torno o Rio Mambucaba e dos fundos vales que embicam pro litoral existe uma outra Serra da Bocaina. Uma que aponta pro céu, de terras altas. São os Altos da Bocaina (ou Campos da Bocaina), região localizada no planalto da divisa de SP e RJ e que é dominada exclusivamente por mares de morros , cânions esmeraldas, rios com cachus e cristas com cumes passiveis de serem singrados em varias direções. E foi isto que resolvi fazer neste ultimo feriado: um circuitão que sobe a serra de São Jose do Barreiro, percorre cristas, cumes, cânions e desce novamente à cidade vizinha, Areias, por uma trilha que já conhecia mas que (pra surpresa minha) mostrou-se bem fechada devido as últimas chuvas, me obrigando a descer na raça, ora varando mato ou desescalaminhando um rio. Estas são mais outras novas facetas da velha e conhecida Serra da Bocaina: a da imprevisibilidade e do perrengue.