Conquista do K2 Invernal termina com morte de alpinista

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O último sábado, 16 de janeiro de 2021, entrará para a história como o dia em que o K2 foi vencido durante o inverno pela primeira vez. A montanha era a última dos 14 picos de oito mil metros sem escaladas invernais até então. Todavia, além a felicidade da conquista, as equipes voltam para a casa com a tristeza de ter perdido um dos melhores alpinistas da expedição, o espanhol Sergi Mingote.

Os dez nepaleses que chegaram ao cume do K2

Ao todo 10 alpinistas nepaleses de três equipes diferentes conseguiram chegar ao topo da temida montanha. São eles:  Nirmal Purja, Gelje Sherpa, Mingma David Sherpa, Mingma Tenzi Sherpa, Pem Chhiri Sherpa, Dawa Temba Sherpa, Mingma Gyalje Sherpa, Dawa Tenzin Sherpa, Kili Pemba Sherpa e Sona Sherpa. Eles iniciaram a expedição no início de dezembro e colocaram um ponto final na história que começou há 33 anos atrás com a primeira tentativa de escalar o K2 no inverno. Ao todo sete expedições tentaram a conquista sem sucesso ao longo dos anos. A altitude máxima alcançada anteriormente nessas condições foi a de 7800 metros de altitude, quando Denis Urkodo ultrapassou o “Hombro”.

Gelje Sherpa e Mingma David Sherpa no cume.

Nirmal Purja comemorando mais uma grande conquista.

De acordo com informações da Revista Desnível, as equipes de 2020/2021 saíram do Acampamento 3 (7.350 metros) por volta da uma hora da manhã, cruzaram o Gargalo (8.200 m) por volta das seis da manhã e chegaram ao topo às cinco da tarde, com o pôr do sol. Após um longo dia eles ainda precisaram enfrentar a difícil descida durante a noite.

Sona Sherpa registrando o momento antes do pôr do sol.

A morte de Sergi Mingote

Infelizmente essa conquista também será marcada pela perda do alpinista espanhol, Sergi Mingote, de 49 anos de idade. O escalador faleceu após uma queda enquanto estava descendo do Acampamento 1 para o acampamento base avançado. Essa descida fazia parte do processo de aclimatação. Ele e sua equipe pretendiam tentar o ataque ao cume nos próximos dias.

Mingote se despediu em sua montanha preferida.

Alguns relatos informam que ele caiu repentinamente e rolou por quase 700 metros. Apesar dos esforços de seus companheiros para socorrê-lo, Mingote foi a óbito no local. Chhang Dawa Sherpa contou que foi informado de uma inesperada movimentação no GPS de Mingote. Pouco tempo depois teve a queda confirmada pelos demais alpinistas que estavam junto com ele. O corpo foi removido para Islamabad onde aguarda a liberação para o traslado até a Espanha.

Mingote era um montanhista experiente, conheceu o K2 em 2018 e sabia dos riscos de escalar essa montanha, todavia dizia que sentia uma atração diferente por ela. Em entrevistas a seu amigo Isaac Fernández antes de iniciar a expedição, ele contou o quanto era apaixonado por essa montanha.

“A ‘montanha das montanhas’ permitiu-me subir em condições extremas, permitiu-me descer, e penso que neste regresso ao K2 há algo de destino. Quem ia me dizer que eu teria a oportunidade de fazer parte da equipe que quer enfrentar o K2 na época mais complexa do ano para escalar essa montanha?” disse Mingote animado com a escalada invernal.

“Pode-se dizer que com o K2 tenho uma relação de amor e ódio, pois tenho muito a lhe agradecer em todos os aspectos, tanto no esporte como em todas as áreas, porque ele me fez viver os momentos mais intensos da minha carreira no nível alpinismo, mas também fez com que minha família e as pessoas ao meu redor passassem por momentos muito difíceis. É uma montanha que me mostrou o seu melhor e o seu pior lado”, revelou o alpinista sobre ao K2.

Nossos sentimentos a familiares e amigos! Descanse em Paz Sergi!

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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