De Teresópolis para a Ásia Central, mais um brasileiro no cume do “Lenin Peak”

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Em 14 de maio de 1995 Mozart Catão colocou o seu nome e o do Brasil no Livro dos Recordes ao escalar, junto com Waldemar Niclevicz, a montanha mais alta do mundo, o Everest, com 8.848 metros de altitude. Eles foram os primeiros brasileiros a realizar essa façanha. Esse e outros grandes feitos realizados pelo teresopolitano Catão, falecido no Aconcágua três anos depois, inspiraram montanhistas do país inteiro a sonhar mais alto e, logicamente, os nascidos ou moradores na Terra de Teresa. E um desses “herdeiros” da garra e disciplina de Mozart é o montanhista teresopolitano Leonardo Dias da Costa, que, no último dia 14, realizou uma escalada concluída por apenas seis brasileiros até hoje: ele chegou ao cume do Pico Lênin, o “Lenin Peak”, de 7134 metros de altitude, localizado na fronteira entre Quirguistão e o Tadjiquistão, na cordilheira do Pamir, na Ásia Central.

Leonardo Dias foi o sexto brasileiro a alcançar o cume do Lenin Peak

A famosa e cobiçada montanha fica no chamado roteiro dos “Leopardos das Neves”, que são as formações rochosas acima dos sete mil metros localizadas no antigo território da União Soviética.

 

A famosa e cobiçada montanha fica no chamado roteiro dos “Leopardos das Neves”, que são as formações rochosas acima dos sete mil metros localizadas no antigo território da União Soviética, sendo elas o Ismoil Somoni Peak (7495m), o Jengish Chokusu (7439m), o Ibn Sina Peak (7134m, nome local do Pico Lênin), o Pico Korzhenevskaya (7105m) e o Khan Tengri (7010m). Antes de Leonardo, estiveram no cume do “Lenin Peak” Waldemar Niclevicz e Irivan Burda, em 2009, Victor Carvalho, em 2013, Bruno Versiani, em 2014, e Cláudia Bento, em 2017.

“Evidentemente, pela localização, trata-se de expedições em países extremamente exóticos, que misturam a cultura russa, que dominou a região, com a cultura mongol, turca e muçulmana, que sempre influenciou a Ásia Central. Alguns dos países onde ficam os Leopardos, como o Tadjiquistão, sofre com agitações políticas por conta da influência do Al Qaeda do vizinho Afeganistão. Escalar estas montanhas é uma grande aventura em todos os aspectos”, destaca o portal Alta Montanha, site especializado no assunto.

Pela localização, trata-se de expedições em países extremamente exóticos, que misturam a cultura russa, que dominou a região, com a cultura mongol, turca e muçulmana, que sempre influenciou a Ásia

Expedição teresopolitana inédita nessa região da Ásia Central, de difícil acesso e logística.

Experiente guia na Região Serrana, com profundo conhecimento na Serra dos Órgãos e Três Picos, Leonardo Dias da Costa também tem no currículo diversas outras montanhas e rotas no Brasil e no exterior, tendo passado pela Patagônia, feito cume do Aconcágua (em solitário, em 2003), do Cotopaxi (5.987m, o maior vulcão ativo do planeta, no Equador), do Huayna Potosi (6.088m, na Bolívia) e do Mont Blanc (4.808m, na França), entre outros.

O teresopolitano Leonardo Dias da Costa tem diversos outros cumes no currículo, como Aconcágua, Cotopaxi e Mont Blanc

 

Expedição teresopolitana ao Lenin Peak

Léo “Popaye”, como é mais conhecido pelos amigos mais antigos, não viajou para a Ásia Central sozinho. Fizeram parte da expedição os também teresopolitanos Flávio Eduardo Cupello e Ramon Pagio, que por diferentes dificuldades não chegaram, dessa vez, ao almejado cume do Pico Lênin.

Léo Dias, Ramon Pagio e Flávio Cupello, expedição teresopolitana na cordilheira do Pamir, na Ásia Central

“Fui a 4.400 de altitude, mas tive uma inflamação nos brônquios e, em dado momento, não conseguia nem andar. Por recomendação médica tive que descer do C1 para o acampamento base, voltando a cavalo, inclusive”, explica Flavinho, que via rádio acompanhou a incursão dos amigos montanha acima. Ramon, que em 2018 fez cume do Cotopaxi junto com Léo, dessa vez ficou no campo três, a 6100 de altitude. “Tivemos que escolher uma estratégia bem arriscada devido ao nosso cronograma e ao clima. Chegamos ao C3 sem aclimatação prévia e Léo atacou o cume no mesmo dia. Eu decidi não tentar, pois não estava 100% para esse ataque, que seria longuíssimo. Fiquei no C3 esperando e mantendo comunicação até o seu retorno, que ocorreu 16h depois”, relata o montanhista e também tenista Ramon.

Brasil mias uma vez no cume do cobiçado Lenin Peak.

O busto que indica que o cume foi alcançado.

 

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Sobre o autor

Marcello Medeiros é Biólogo e Jornalista, escrevendo sobre montanhismo e escalada desde 2003. Praticante de montanhismo desde 1998, foi Presidente do Centro Excursionista Teresopolitano (CET) entre 2007 e 2013.

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