Decepcionado, Marc Batard desiste de abrir a nova rota no Everest

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Marc Batard é um renomado montanhista francês de 70 anos que já realizou grandes feitos no montanhismo. Recentemente ele voltou às manchetes da mídia especializada por conta do seu projeto de escalar o Everest sem oxigênio para comemorar seu aniversário de 70 anos e também abrir uma nova rota de escalada no Everest. Batard idealizou uma rota que desvia da famosa e perigosa Cascata de Gelo do Khumbu e assim torna a escalada da montanha mais alta do muito um pouco mais segura para os montanhista.

Batard e equipe no acampamento na base do Sundera Peak

Depois de anos planejando a rota, Batard e sua equipe começaram os trabalhos no outono passado (primavera no hemisfério sul). Eles abriram boa parte da rota e pretendiam voltar nessa primavera nepalesa para concluir o trabalho. A intenção era subir o sopé do Nuptse e emendar essa rota à rota normal já na altura do acampamento 2, acima da cascata de gelo. Eles pretendiam equipar a rota com grampos e fazer uma Via Ferrata, igual às encontradas nos Alpes.

No entanto, quando retornaram para concluir o projeto esse ano, ele e sua equipe encontraram uma série de dificuldades. Batard teve que deixar a montanha e voltar até Namche Bazar para realizar um tratamento médico. Todavia ele alega que o maior empecilho é que o governo nepalês decidiu que sua nova rota pertencia ao Nuptse. Assim, eles deveriam pagar duas licenças de escalada, uma para subir o Nuptse e outra para o Everest.

Batard se diz decepcionado com as expedições comerciais

Além dessas questões, Batard também se diz decepcionado com a forma como a escalada do Everest acontece hoje, muito diferente das vezes em que ele escalou a montanha. Ele se diz decepcionado e critica principalmente os colecionadores de cume, turistas de alta altitude e aficionados por estatísticas que enchem o acampamento base, bem abastecido com garrafas de oxigênio e sherpas pessoais.

Ele também falou sobre o uso de helicópteros que atendem os carregadores e montanhistas até a altura do Vale do Silêncio. Além disso ele disse que se sentiu injustiçado pois estava trabalhando para ajudar futuros alpinistas e trabalhadores a evitar os riscos da cascata de gelo do Khumbu.

“Sinto muito, mas perdi a motivação por causa de muitas coisas”, disse ele ao site ExplorersWeb após retornar para a França. “A montanha não é mais respeitada, [é] o dinheiro, os helicóptero. Talvez eu encontre minha motivação novamente. Por enquanto, estou esperando que o governo nepalês me convide para terminar o que comecei e onde gastei muito dinheiro e tempo.”

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

1 comentário

  1. Alberto Ortenblad em

    Mas essa rota não foi aquela feita pelos suiços em 1954, pouco antes da conquista de Hillary-Norgay? Se recordo bem, chegaram ao Colo Sul, mas não conseguiram prosseguir.

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