Estudo analisa a degradação dos equipamentos em processo de desinfecção

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Com o aumento do contágio pelo Covid-19 em todo o mundo, surgiu uma preocupação entre escaladores e trabalhadores de altura. Como desinfetar os equipamentos utilizados nessas atividades? Um estudo realizado na Espanha por Curro Martínez  do Asac Vertical Lab analisou os possíveis danos causados aos equipamentos pelo processo de higienização e desinfecção. A pesquisa, realizada no último mês, utilizou diversos materiais e produtos químicos para limpar cordas semi estáticas, mosquetões (aço e alumínio) e fitas (poliamida e dyneema) .

Analise dos materiais após uso de produtos químicos.

Martínez contou com a ajuda de seus amigos Miguel Ángel Carranco e Joaquín Castaño e o apoio dos Bombeiros da Câmara Municipal de Sevilha. Ao todo foram mais de 220 testes realizados no laboratório de Martínez e no laboratório de um fabricante de cordas.

Os materiais escolhidos para a higienização foram produtos de fácil acesso a população como hipoclorito de sódio (água sanitária) e peróxido de hidrogênio (água oxigenada).  Eles também realizaram a lavagem de cordas em máquinas de lavar com temperaturas de 60 ° C e 90 ° C.

O estudo completo foi divulgado pela Revista Desnível na última segunda-feira e pode ser consultado na íntegra aqui.

Teste de resistência em mosquetões

Alguns resultados

Como resultado, o hipoclorito de sódio foi o mais danoso aos equipamentos devido a sua alta capacidade destrutiva. No caso dos mosquetões de alumínio imerso em hipoclorito de 3,7% por 24 horas e deixado em repouso por 48 horas, sem submetê-lo a qualquer processo de limpeza ou remoção de resíduos, foi constatado uma perda de 10,3 kN de resistência mecânica. Todavia, as cordas de poliamida perdem cerca de 12,4% de sua resistência.

Mosquetões após o uso de hipoclorito de sódio.

O uso do peróxido de hidrogênio trouxe resultados surpreendentes. As cordas higienizadas com a água oxigenada perderam apenas 0,7% de sua força em uma solução de 0,5% por 10 minutos. Esse resultado equivale ao uso de isoporopanol ou etanol, estudado por alguns fabricantes como forma de limpar as cordas. Porém, os pesquisadores recomendam muita cautela pois nem sempre o usuário sabe quais são os materiais que compõe a sua corda. Além disso, o uso excessivo de água oxigenada pode trazer danos as fibras.

Já a lavagem de cordas semi estáticas em água a 60º e 90º C fizeram com que elas ficassem mais rígidas e durante o seu uso se tornasse menos resistentes. Não foram realizados testes com cordas dinâmicas, mas os autores observam que “no nível teórico, as cordas dinâmicas não devem ser afetadas pelo processo de lavagem a 60ºC, além do processo de secagem e umedecimento de suas fibras, pois estas, durante sua fabricação, são submetidas a altas temperaturas na presença de água”.

Teste com cordas semi-estáticas.

As precauções ao higienizar os equipamentos

Os autores do estudo destacam que o propósito da pesquisa não é incentivar os usuários a utilizarem tais produtos para desinfetar os equipamentos e que o ideal é seguir as recomendações de cada fabricante.

Outra forma de se proteger contra o Covid-19 é higienizar sempre as mãos mesmo durante a atividade de escalada e evitar compartilhamento de equipamentos com muitas pessoas. Entretanto, também é importante manter eles em quarentena por 72 horas após o uso.

Fabricantes como a Petzl também indicam a lavagem com água e sabão, a 65 ° C de temperatura no máximo. Essa temperatura seria adequada na proteção contra o coronavírus. Todavia, a lavagem a 30 ° C de temperatura já seriam eficaz para limpeza em geral.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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