Após 12 anos da primeira edicão, o escalador petropolitano Alex “Che” Ribeiro comenta sobre sua história e como foi escrever o que talvez seja o primeiro manual sobre conquistas de vias de escalada no mundo. O livro, diferente de todos os manuais que sê por aí, é uma narrativa bem humorada e divertida sobre esta arte que é conquistar uma via, seja em parede ou uma esportiva. Confira a entrevista que o “Che” das montanhas concedeu ao AltaMontanha:
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– E aí, alguém já subiu esse na Serra do Azeite?
Com esta pergunta acompanhada de foto publicadas no facebook começou de modo totalmente despretensioso a mais rápida decisão para escalar a montanha mais desconhecida que tenho notícia.
Um detalhe que deixei passar na primeira parte do relato foi algo no mínimo engraçado. Comprei todo tipo de suprimentos para esta viagem e acabei constituindo uma verdadeira UTI móvel no meu kit de primeiros socorros que, antigamente, se resumia a 2 cartelinhas de dorflex. Agora, é possível fazer um curativo de grande porte com tudo que eu levo e, além disso, manter uma assepsia relativamente confiável. Até um oxímetro carrego comigo que serve para verificar frequência cardíaca e saturação de oxigênio. Pois bem, comprei máscaras novas para usar dentro da barraca, e acabei esquecendo em casa. Problema…Quando chegamos na rodoviária antes de ir fui a farmácia comprar novas, daquelas fininhas que duram um dia de uso só. Adivinhem o nome da marca? Neve. Ainda tinha no logotipo um pico desenhado. Ah!
Em 2010 vi na televisão no noticiário das oito, em horário nobre, a chamada de 30 centímetros de nevasca no sul do Brasil. Meu queixo caiu, o mundo era diferente do que eu havia imaginado, registrar a queda da neve brasileira se tornou uma missão deste montanhista desde então. Não seria nada fácil, seria questão de meter a cara e apostar na precisão da previsão ou simplesmente dar sorte de uma super massa de ar polar avançar pelas terras tupiniquins. Deu certo após uma tentativa in situ no ano de 2011, naquele gélido mês de agosto quando eu, Pedro Hauck, Camila Reis e Máximo Kaush nos aventuramos no sul do nosso país. Tempos diferentes aqueles…
Fenômenos devem ocorrer nas próximas horas na Serra catarinense.
Não está descartado que sejam registrados na Grande Florianópolis.
A cadeia de montanhas do Marumbi desde os primórdios da ocupação européia na baia de Paranaguá, em meados do século XVI, sempre ocupou lugar de destaque no imaginário das populações locais, mas foi somente no final do século XIX com o início da construção da ferrovia Paranaguá-Curitiba e a chegada dos engenheiros europeus contaminados pela febre do alpinismo que a montanha foi realmente conquistada. Coube ao farmacêutico José Olimpyo de Miranda, o Carmeliano, planejar e executar a primeira expedição conhecida que em 1879 galgou o cume vindo de Morretes, no litoral, pelo centenário Caminho do Itupava adentrando o Rio Taquaral até o Morro da Boa Vista e finalmente alcançar o Monte Olimpo, nome concedido em homenagem a sua ousadia. Mais tarde descobriu-se que de fato o ponto culminante da cadeia pertencia a uma elevação próxima, o Leão, batizado em homenagem a Bento Manuel Leão companheiro de primeira hora do Carmeliano na conquista do Marumbi.
06 de Julho de 2012, sexta-feira 5:30h Acordamos do sono profundo, no que consideramos ter sido o melhor bivaque da travessia. Chão fofo e protegido de vento, resultou numa noite de sono espetacular, e agora, finalmente chegara o grande dia de finalizar nossa peregrinação pelas montanhas.
*05 de Julho de 2012, quinta-feira 5:00h* – O celular desperta, pondo
definitivamente um ponto final na nossa boa vida. Ainda restava o banho
quente e o café da manhã antes de retomar nossa árdua rotina. Procuramos ser detalhistas ao máximo pra seguir o checklist afixado na parede da casa, e por fim, tomamos emprestados alguns pacotinhos de TANG da dispensa, na qual também deixamos alguns itens.
30 de Junho de 2012, sábado 5h O ventou soprou forte a noite toda. Talvez o barulho que fazia, tivesse acobertado os gemidos de dor do Jurandir. Ou talvez a dor tivesse passado. Em meio a estas hipóteses, ainda havia um medo maior que era melhor nem cogitar. Na tenda de bivaque, condensou água de ambos os lados, e cada vez que dava uma rajada de vento, sacudia toda ela em cima de mim. Estava com a boca seca, e muita sede. Decidi tirar proveito de situação, lambendo a lona. O resultado do procedimento acabou superando as expectativas. Ao ver que até a vegetação estava completamente seca, conclui que pelo menos pra alguma coisa serviu aquela tenda, alem de me molhar a noite toda.
A Serra do Mar na porção paranaense é uma barreira natural entre os planaltos e a planície costeira. Escarpada do lado leste, território totalmente coberto pela floresta Atlântica abrigando complexo sistema hídrico, e que se estende desde a BR – 277 até a baía de Guaratuba e desenvolve-se paralelo á linha da costa.