A travessia Bairro Alto x Marco 22 vai de Antonina até a estrada da Graciosa no Paraná, passando por 10 cumes, trilhas fechadas (e até locais onde ela não existe) e é uma das mais difíceis e bonitas do Brasil. Acompanhe o dia a dia desta pernada perrengosa feita por Luciana e seus amigos.
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As coisas estão caminhando lentamente. Dia 18 de setembro fiz juntamente com minhas irmãs o teste HLA no Hospital das Clínicas, teste este que nos dirá quanto temos de compatibilidade para fins de transplante de medula óssea. O resultado está pra sair e logo saberei meu futuro. Nesse meio tempo, me sentindo muito melhor, marquei com o amigo Flávio Varrichio uma investida para montanha, realmente ousada dadas as devidas circunstâncias, Serra Fina. Eu sei, não deveria ter ído pra lá, mas não suportava mais ficar em casa vendo outros amigos indo pra montanha, então fui pra lá tocar pra frente um projeto antigo. A companhia não poderia ter sido melhor.
“Todo homem é uno quanto ao corpo , mas não quanto a alma” . Esta é a concepção expressa por Hermann Hesse em “O Lobo da Estepe” . Pois bem , há algum tempo venho me preparando física e psicológicamente para o encontro com as tão sonhadas placas do Ciririca , nesse último final de semana a oportunidade surgiu.
Calor de 35ºC, sol a pino e as butucas voando alucinadas, zumbindo como abelhas, picando como escorpiões. Incontáveis, a cada tapa morriam seis. As roupas encharcadas e a face escorrendo suor. Descia da testa passando pelos olhos, salgando os lábios. Grandes gotas se desprendiam dos cabelos. As pernas estavam boas e a respiração compassada, mas sentia um profundo mal-estar, uma zoeira difusa apesar da visão ainda nítida. O Hilton foi o primeiro a perceber e me ofereceu uma barra melecada de cereais com chocolate derretido para repor o nível de açúcar no sangue. Foi o suficiente para alcançar o cume do Luar ao meio-dia do sábado de carnaval.
Fazia tempo que aqueles belos exemplares de bromélias não deviam sentir o cheiro de gente. Cansado, c/ o corpo moído, lacerado e ofegante em meio àquela exuberante selva, galgar a ultima piramba ate o alto da Serra da Graciosa era apenas mais um obstáculo a ser vencido. O som de veículos aumenta conforme nossa aproximação e nos dá algum alento a apressar o passo, q castiga o chão úmido, repleto de folhas e lama. Logo ressurgiríamos na civilização marcada pelo asfalto, mas os momentos e impressões dos três últimos dias percorridos sob condições adversas naquele trecho intocado da Serra do Mar paranaense, representado por um labirinto de rios furiosos e arvores gigantescas, ainda permaneciam vivos demais pra adotar qq postura conformista.
Adentramos então na mata, acompanhando precárias e discretas marcas na vegetação (fitas), pra em seguida escalaminhar um pequeno córrego durante um bom tempo, sempre ganhando altitude. Ate então a pernada estava bem tranqüila, mas td q é bom dura pouco já q o rio e as fitas haviam sumido faz tempo e a encosta cedeu espaço prum matagal dos infernos, repleto de bambus podres, cipós espinhentos e nuvens de pernilongos! Bussola na mão e mato no peito, avançamos montanha acima resolutos a alcançar o tal colo da montanha. Mas logo percebemos q havíamos desviado pra esquerda alem da conta, pois agora escalaminhavamos uma encosta quase vertical em meio a bromélias gigantes e mto chão-falso, onde raízes aéreas forradas de folhas formavam verdadeiras armadilhas pra gente! Dito e feito, o GPS do Mamute indicava q estávamos quase no cume do Tangará! Percebido o equivoco, bastou apenas desviar abruptamente pra direita, na diagonal, e descer ate encontrar o tal selado! E lá fomos nos rasgando novamente mato com no peito, onde felizmente a chuva já havia cessado a um tempo e as frestas no arvoredo possibilitaram avistar perfeitamente o Ciririca e o Agudo de novos ângulos.
Este relato conta a última aventura deste que escreve junto de seu amigo Edson Vandeira em terras altas paranaenses com um objetivo muito esperado: O mítico Pico Ciririca.
Barraca armada, isolantes e sacos dentro, nos recolhemos pra que eu fizesse a janta. Alguém aqui também precisa comer certo? No cardápio o meu vício atual em montanha: Feijoada! He he he…Me provou ser uma boa refeição pra atividade, bastante calórica e repõe muito bem minhas energias. Edson não quis comer, ficou no seu tradicional bolo com iogurte.