O Pico Paraná é único por podermos afirmar ter registro de nascimento que aconteceu em 1940 por obra e lavra do geólogo alemão Reinhald Maack, que em suas determinações a respeito da tectônica da Serra do Mar, fez algumas observações estarrecedoras.
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A chuva só conseguiu adiar o dia do enfrentamento com a crista do Ferraria e o excelentíssimo Paulo Marinho passou a semana seguinte com um olho na previsão do tempo e todos os outros sentidos fazendo pressão para encarar o desafio. Tanto perturbou que no sábado, 23 de junho de 2007 as 4:30 da madrugada, novamente partimos com o Land Celta para o Bairro Alto Antonina. Agora estávamos em quatro, eu, o Paulo, o Moisés e o Elcio que iria enfrentar a crista pela terceira vez, com pequenas mochilas carregando o estritamente necessário para o ataque. Nem pensar em pernoitar. Duas horas depois encontramos a fazenda tomada por um imenso acampamento de Desbravadores, a versão evangélica dos escoteiros, com suas imensas barracas de praia e gincanas noturnas. Passamos batido por tudo isso e o amanhecer já nos encontrou no meio da mata. Da ponte de troncos acompanhamos o Rio Cotia, passamos pelas piscinas de águas límpidas e pouco depois fazíamos o desjejum nas lajes do Disco-Porto com Ibitirati de um lado e o Ferraria do outro. A manhã estava magnífica com um céu muito azul e um vento fortíssimo que varria a mata a intervalos irregulares.
Em 2003, quando descia as encostas vertiginosas do Ibitirati, inaugurando a Face Leste do Pico Paraná, algo me chamou a atenção. Uma pequena figura geométrica, retangular, brilhante, ao longe. Lembrava algo familiar, e observando mais cuidadosamente, notei com espanto ser parecida com as insólitas placas do Ciririca – Mas que diabos é isso? – Me perguntei.
O Pico Paraná é o teto do Paraná, a mais alta montanha do estado, uma sentinela avançada que se levanta abruptamente da planície litorânea de Antonina. Localizado na Serra dos Órgãos. É o nosso Everest, podendo até ser comparado com ele, como veremos nesta história: O Everest e o Pico Paraná foram descobertos à distância, por levantamento trigonométrico; estavam até então inexplorados; foram escalados por expedições, após árduas e apaixonadas tentativas de montanhistas; receberam batismo pelos seus descobridores (aqui uma exceção, o Everest é chamado pelos tibetanos de Chomolungma Deusa-Mãe do Mundo e pelos nepaleses de Sagarmatha Fronte do Oceano ou Deusa do Céu). Em homenagem ao seu descobridor George Everest, o inglês que chefiou o Grande Levantamento Trigonométrico da Índia, em 1817, foi denominado Everest.
Uma travessia é coisa fisicamente muito simples, basta iniciar a caminhada em um ponto qualquer do mapa e terminá-la em outro, preferencialmente bem distante do primeiro, mas montanhismo não é um esporte qualquer. Montanhismo é antes de tudo uma filosofia e então as coisas se complicam. Aos que discordam aconselho parar esta leitura e investir suas energias na Corrida de Aventura.
Os montanhistas Elcio Douglas Ferreira e Jurandir Constantino realizaram a maior travessia entre montanhas no Brasil, fazendo 44 cumes em 102 quilômetros de trilhas na Serra do Mar paranaense.
Dois mil e dez rapidamente se aproxima do final, o inverno já se foi e o verão chega com muita chuva. É hora de mudar a agenda, abandonar os pernoites na serra em favor das caminhadas rápidas de um dia perseguindo as tempestades.
A Serra do Ibitiraquire entrou na minha vida através de uma pequena matéria na antiga revista Aventura Jah de Sergio Beck, pois até então eu nem sabia que o Paraná tinha montanhas… De certa maneira, o Estado que abriga o Marumbi (uma serra pouco mais ao Sul do Ibitiraquire) e uma das mais ricas culturas do montanhismo é fechado e divulgar suas belezas e seus encantos foi durante muito tempo algo proibido…
Cansado de ficar deitado e sem dormir, comecei a me levantar cerca de oito da manhã. Escutando o barulho do zíper do meu saco de dormir o Pedro levantou na mesma hora. A noite foi desconfortável tanto pra mim quanto pra ele. Me virava o tempo todo buscando uma posição cômoda pra dormir mas o solo irregular e inclinado não ajudava nada. Isso não me incomoda tanto assim na montanha, pelo menos não por três noites, mais que isso já fica complicado.
O montanhismo no Paraná é rico em história e a tradição remonta da época de Carmeliano e dos pioneiros, passa por Stamm, Gavião e os gloriosos conquistadores dos cumes ainda virgens e vai adiante na geração dos simpáticos incentivadores que ainda estão entre nós representados pelas emblemáticas figuras do Farofa e do Vitamina. É do Vitamina a iniciativa de divulgar as aventuras em nossa serra através de sua saudosa coluna na Gazeta do Povo que inspirou o Altamontanha a criar o “Sua Aventura”.