O dia amanhece bonito e quente como todos os de minha estadia em Skardu. Eu sinto-me triste porque o melhor da viagem terminou: o maravilhoso trekking e a convivência com os porters, admiráveis na árdua labuta de transportar, em suas costas, 25 kg de carga ao longo dos 12 dias de caminhada. Embora rudes e pobres, são gentis, alegres e respeitosos.
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Quando acordo, já há movimento no camping. E olha que são 5:45. Assim acontece porque, como nós, os tchecos, também, retornam a Skardu a fim de curtirem os lagos Shangrila e Satpara. Aquela azáfama típica de desarmar acampamento toma conta do lugar. Cada porter cumpre sua função: alguns dobram as tendas, uns lavam louça e outros ajeitam toda tralha nos tonéis….enfim, uma excitação agradável de fim de festa, e de uma festa que foi boa.
Ali me acorda às 5:30. Como é horário de verão, uma hora a menos, na real são 4:30.
Quando Mussa vem me trazer o chá, bem quentinho, constato mais uma vez que está nevando. São 6 horas. Tudo branco dos flocos que caem desde a madrugada.
Após uma noite mal dormida, desperto às 6 da manhã. Nem a quantidade de roupas vestidas, tampouco o saco de dormir, foram suficientes pra me aquecer satisfatoriamente. Neste tipo de clima, tem de ser um de 10º C e o meu é de -5º C.
Às 5 a lua reflete, pela metade, seu brilho branco no azul esmaecido do céu. Como não está frio, visto apenas um moleton de fleece pra ir ao banheiro.
O acampamento está sendo desmontado. Os porters atarefados arrumam suas cargas enquanto Ali os observa pitando um cigarro acocorado. Uma mula também integra nossa expedição. Carrega querosene, fogões e sacos de 20 kg de farinha. Devemos partir, segundo meus cálculos, às 07:15, o que de fato ocorre.
Acordo justo às 4:30 com vontade de fazer xixi e saio da barraca. Nem preciso de lanterna. A lua, embora descrescente, ilumina bem ainda os campos ao redor. Volto pra tenda e durmo até as 6:00.
Partimos de Skardu às 09:00 e trafegamos uns 40 km por uma estrada pavimentada até Shigar Bazaar.
Saímos de Islamabad às 6:15 e pegamos a Karakorum Highway (KKH), uma estrada pavimentada que une o Paquistão à China. Em muitos trechos, é evidente a má conservação da rodovia que sofre constantes deslizamentos de terra, provenientes das encostas das montanhas através das quais foi traçada.