Cansado de ficar deitado e sem dormir, comecei a me levantar cerca de oito da manhã. Escutando o barulho do zíper do meu saco de dormir o Pedro levantou na mesma hora. A noite foi desconfortável tanto pra mim quanto pra ele. Me virava o tempo todo buscando uma posição cômoda pra dormir mas o solo irregular e inclinado não ajudava nada. Isso não me incomoda tanto assim na montanha, pelo menos não por três noites, mais que isso já fica complicado.
Resultados da busca: Ferraria (75)
Tudo começou com uma troca de e-mails na semana retrasada entre eu e o Pedro que infelizmente não resultou em uma data que servisse pra nós dois. Também troquei e-mails com o Julio mas acabamos aguardando uma boa previsão de tempo. Conhecer montanhas como o Pico Ferraria (1.754 m) e Taipabuçú (1.732 m) era desejo tanto meu quanto do Pedro, então, pretendíamos ir juntos e a idéia era ir com o Julio, que ficou ocupado com trabalho.
1.877,33 metros. Esta é a altura precisa e oficial do ponto culminante da região sul do Brasil, o majestoso Pico Paraná. Isso de acordo com as medições feita pela parafernália científica e tecnológica da nossa época. Essa altura muda sempre a cada nova medição, e para menos, lamentavelmente. Nossa esperança é que as novas atualizações acabem mexendo apenas na casa dos centímetros, ou milímetros quem sabe.
Era a quarta vez que eu seguia para esse vizinho do pico Paraná, um imenso bloco rochoso que compõe uma das maiores paredes de escala do Brasil. O inicio da descida é relativamente íngreme, e exige um pouco de cuidado pra não torcer um tornozelo ou se esfolar. O fim da descida é o União, o qual se cruza rapidamente, e então um pouco mais de subida, e chega-se ao Ibitirati. Já de cara fiquei buscando por uma provável saída a direita, onde começaríamos a trilha no dia seguinte. Como todo mato era igual, sair do topo seria o mais obvio, mas isso era algo a se estudar pra frente ainda. Agora, tínhamos que encontrar locais bons para armar barracas, o que é meio difícil numa rocha sólida e maciça. Mas pra minha surpresa encontrei um rapidamente, encostado na trilha do lado esquerdo.
Quando estávamos combinando a viagem (como sempre eu sou o ultimo a saber qual será nosso destino), eu tinha conversado com o Bold, de fazermos a frontal lá no Marumbi. Iríamos de carro Bold, Lau e eu até a casa da dona Isabel, e subiríamos à estação do Marumbi. Acamparíamos e nos jogaríamos cedo na trilha! Arrumei todas minhas coisas, sem levar quase nada, só o básico mesmo.
Meu amigo Elcio me convidou para irmos ao Ferraria, Taipabuçu e/ou Guaricana. Ele tinha planos de colocar um caderninho no Guaricana, bem como no Taipabuçu. Mas, na véspera da viagem para Terra Boa, nossos planos mudaram: soubemos que o Saraiva e talvez o Márcio Muniz iriam para o Guaricana já na quinta dia 9 ( Quinta-feira Santa ). Assim, decidimos que iríamos até o Ferraria, passando antes pelo Taipabuçu, via Caratuva, e também acertamos que iríamos com o meu carro até a fazenda do Pico do Paraná. E assim fizemos. Na reunião da SPM da quarta-feira anterior eu tinha convidado o Eger e o Gnomo para irem conosco. Eles aceitaram, só que ficou combinado que eles iriam já na quinta-feira dia 9 à noite, e de ônibus. Isto porque eu não queria lotar demais o escort, e se eles deixassem para ir na sexta-feira e de ônibus, então nós quatro não nos encontraríamos a tempo de fazermos o trajeto Caratuva-Taipabuçu-Ferraria.
O despertador chama as cinco em ponto e imediatamente pulo da cama. É uma noite quente e curta, alguns sabiás já despertos enchem a madrugada com seu canto e visto as roupas de batalha. Nada além de calção, camiseta, um agasalho de pille e as botas de caminhada, tomo um rápido café enquanto a Solange prepara os sanduíches para a primeira jornada. Minutos depois estamos a caminho para apanhar o Elcio e o Batista que nos esperam na outra extremidade da cidade.
Fotos de Elcio Douglas Ferreira
A Serra do Mar chama muito a atenção de curiosos e montanhistas sobre sua forma. Muitos a chamam de “a cordilheira brasileira”, devido sua característica de ser uma prolongada formação montanhosa que acompanha a costa do Atlântico desde o norte de Santa Catarina ao Rio de Janeiro, onde ela se alinha com a Serra da Mantiqueira que se prolonga até o Espírito Santo.
A travessia da Serra Fina é uma das trilhas de montanha mais fáceis do Brasil.
Por incrível que pareça, há muitos locais onde é proibido escalar. Os motivos são vários, há desde proprietário de terras que não permitem o acesso e até mesmo locais onde é proibido por lei. O Altamontanha fez uma pequena pesquisa para apurar os por quês e levanta uma questão: Será que os escaladores têm culpa?