Quais são as novas regras para escalar no Nepal?

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Após o aumento da procura pelas grandes montanhas na última temporada, o governo nepalês propôs novas regras para escalar em seu território. Em agosto, o Departamento de Turismo já havia publicado as novas exigências para escalar o Monte Everest, a maior montanha do mundo. Agora no início de dezembro, o departamento voltou a se pronunciar e apresentou as mais algumas exigências que deverão ser aprovadas pelo Ministério do Turismo e pelo Gabinete para ratificação. Veja abaixo quais são as novas regras sugeridas.

A maior montanha do mundo vista desde a trilha para o basecamp

::Leia também Ter uma montanha com mais de 6.500 metros no Nepal é uma das novas regras para escalar o Everest.

 

Histórico médico completo

Para escalar qualquer montanha no Nepal será necessário um atestado médico emitido por um profissional certificado. “Como a maioria das mortes ocorreu devido a problemas de condicionamento físico e saúde, nós [o governo]adotamos essas medidas extremas”, disse Mira Acharya, diretora do Departamento de Turismo, o órgão responsável pela emissão de licenças de escalada ao jornal The Kathmandu Post.

Entretanto, muitas agências já pediam esse certificado médico para avaliar as condições clinicas de seus clientes. Agora ele passa ser obrigatório e poderá evitar não só a morte na montanha, mas uma série de outras complicações.

As escaladas de altitude são exigentes física e psicologicamente.

Seguro Obrigatório

Os serviços de resgate em montanha são extremamente caros e até o momento ele era exigido apenas para guias e trabalhadores de altitude. Por esse motivo, a partir da próxima temporada será obrigatório um “um seguro de busca, resgate e tratamento, que permitirá resgates e tratamento imediato se o alpinista estiver doente ou preso em grandes altitudes”, disse Acharya.

Além das belas paisagens, as montanhas também guardam perigos.

Também será exigido que o seguro que cubra parte dos gastos para a remoção de corpos em caso de vitimas fatais. “Recuperar um corpo acima da zona da morte, que está acima de 8.000 metros, pode custar cerca de 200.000 dólares e os custos para resgatar pessoas abaixo da zona da morte variam de 20.000 a 60.000 dólares”, apontou o The Kathmandu Post.

Por isso a nova regra foi pensada uma vez que a remoção desses corpos é inviável em muitos casos. Assim, ao ficar na montanha, os corpos acabam causando um problema ambiental e ético.

 Treinamento em montanhismo

Para escalar a maior montanha do mundo já era necessário ter experiência em montanhas acima de 6.500 metros no Nepal. Porém nessa nova proposta, o escalador também deverá enviar um certificado de treinamento básico em altitude ou curso de escalada em alta montanha.

Passagem de greta em um dos trechos técnicos do Everest.

O que ainda não acontecerá

Alguns boatos surgiram apontando o estabelecimento de uma idade máxima para se escalar a famosa montanha. Porém o departamento de turismo não aprovou essa regra por ela ser discriminatória.

Outro ponto bastante comentado foi o aumento do valor das taxas e permissões e a limitação do numero de licenças para escalar. Mas as autoridades afirmaram que não irão adotar a política de restrição para os montanhistas em virtude da campanha Visit Nepal 2020 que pretende atrair mais dois milhões de turistas para o pais no próximo ano.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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