Qual é a montanha de 6 mil metros mais fácil dos Andes?

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Se você acompanha o montanhismo já deve ter ouvido falar dos 6 mil andinos. Essa altitude na nossa cordilheira sul americana tem uma mística, pois a máxima altitude que as montanhas por aqui atingem está na cota dos 6 mil metros – o Aconcágua, o teto do continente – tem 6962 metros de altitude medidos com precisão.

Vista aérea do Aconcagua. Autor Hilton Benke

Vista aérea do Aconcágua. Autor Hilton Benke

Existe toda aquela questão sobre o que é ou não uma montanha, pois uma montanha pode ter vários cumes, mas só os mais destacados podem ser considerados “montanhas independentes” (veja o artigo sobre dominância topográfica). Tendo isso em mente, hoje sabemos que nos Andes há cerca de 100 montanhas de 6 mil metros. Digo “cerca”, pois muitas montanhas não foram medidas com métodos precisos, então podemos dizer que há uma margem de 10% de erro e ao ponto que as medições vão evoluindo, poderemos chegar em até 110 montanhas de 6 mil na cordilheira sul americana.  

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A valorização do Seismilismo andino

A mística dos 6 mil valorizou essa altitude, o que é normal, pois o mesmo acontece com os 8 mil do Himalaia, os 4 mil dos Alpes e até mesmo as montanhas de 2 mil metros no Brasil.

Desde quando o AltaMontanha começou a acompanhar as ascensões brasileiras nestas montanhas, um número significativo de pessoas começou a se dedicar a praticar “andinismo”, nome que damos ao montanhismo nos Andes. Antes, só ouvíamos falar de montanhas famosas, como Aconcágua, Cotopaxi, Chimborazo, Huascarán e Huayna Potosi. Hoje já vemos pessoas indo explorar a puna do Atacama e escalando montanhas antes inimagináveis como Quewar, Vulcão Copiapó ou Chachacomani, só para dar exemplos.

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Mas qual é o mais fácil? Diferença entre o técnico e o fácil

Até agora apenas introduzi o assunto. Porém, tendo em vista a procura por ascensões a montanhas de 6 mil metros, recebo muitas perguntas sobre por qual começar, ou mais diretamente: Qual é a mais fácil?

Como falei anteriormente, os Andes não eram bem conhecidos e muitas vezes as experiências brasileiras eram baseadas apenas nas montanhas mais conhecidas. Nisso, já vi muita gente dizendo, por exemplo, que o boliviano Huayna Potosi era o mais fácil e por isso seria uma boa montanha para começar. Será?

Huayna Potosi e sua rota normal. Foto de Pedro Hauck.

Huayna Potosi e sua rota normal. Foto Pedro Hauck.

Citando o caso do Huayna, de fato há uma grande tradição em ascender ele. Essa montanha de 6088 metros, por tanto um 6 mil “baixo”, fica a uma hora do centro de La Paz e poderia ser mais rápido chegar nele se não fosse o trânsito paceño. No Huayna Potosi há uma boa estrutura, com refúgios na base da montanha, a 4700 metros e depois no acampamento alto a 5300, o que torna um ataque ao cume curto de apenas 788 metros. Fácil? Acho que não…

Apesar da pouca distância entre os locais de pernoite e da infra em refúgio, o ataque ao cume se dá atravessando um glaciar gretado, onde precisamos além de usar botas duplas e crampons, cordas, cadeirinhas, piolet e capacetes. Pois há também uma parede inclinada e é necessário andar encordoado. Ou seja, por mais que Huayna não seja difícil, é uma montanha técnica e por este motivo, escolhi ela para ser o local das práticas de meu curso de alta montanha, pois preciso colocar em prática aquilo que eu ensino. 

No momento em que escrevo este artigo, já escalei o Huayna Potosi 12 vezes, na maior parte levando meus alunos por minha empresa Soul Outdoor. Em geral é raro alguém montanhista iniciante, como é o caso de meus alunos, fazerem essa montanha “sobrando”, ou seja, fazendo com facilidade. Pelo contrário, todo mundo volta esgotado do cume e isso acontece pois há muitas novidades que é usar todos aqueles equipamentos e enfrentar o frio extremo. 


Vídeo sobre o curso de alta montanha ministrado no Huayna Potosi por Pedro Hauck

Até mesmo entre os guias bolivianos, que fazem o cume uma centena de vezes por ano, há um consenso que há outras montanhas de  6 mil metros com gelo e trânsito em glaciar mais fácil que o Huayna e nos últimos anos o Chachacomani tem sido frequentado com este propósito. Entretanto, o Chachacomani também está longe de ser fácil, apenas é menos técnico que o Huayna, pois não tem um trecho inclinado como a “Pala Chica” da outra montanha. 

Enfim, Huayna Potosi e Chachacomani são exemplos de montanhas técnicas de baixo grau de dificuldade. São interessantes para quem já começa na altitude com mais experiência, pessoas que estão acostumadas em fazer travessias no Brasil ou escalar em rocha. Porém, para os totalmente novatos pode ter certeza que será dificil. 

Pedro Hauck no cume do Chachacomani.

Aproximação uma dificuldade entre 6 mil

Chamamos de “aproximação” o trecho de caminhada que temos que percorrer até chegar à base da montanha. Várias montanhas andinas tem aproximação e as mais longas são as dos Andes Centrais, que é a região entre Santiago, Mendoza, San Juan e La Serena. Um exemplo de montanha de aproximação é o próprio Aconcágua que em sua rota normal percorre-se quase 30 km só para chegar à Plaza de Mulas. Aliás, o Aconcágua tem fama de ser fácil, o que é algo totalmente falso. Ele apenas não é técnico, sobe-se até o cume pela rota normal com bastão de trekking, mas acreditem, ele é fisicamente destruidor!

Uma montanha muito popular nessa região, que também é erroneamente tida como “fácil” é o Cerro Plata. Ele não chega a ser um 6 mil, mas é quase, tem 5955 metros e o culpado para que ele tenha uma fama de fácil sou eu, pois foi minha primeira montanha de altitude nos Andes em 2000, na época em que a internet estava surgindo e meus textos incentivando os iniciantes a escalar ele ficaram bastante popular, tanto que o Plata é uma montanha muito frequentada por brasileiros.

Pedro Hauck no Cerro Plata

A verdade, no entanto, é que o Plata também não é fácil. Ele tem uma aproximação de 13km, exige uma boa aclimatação pois na melhor das hipóteses o ataque ao cume tem 1200 metros de desnível, mas não é incomum fazermos um de 1700! O Plata não é bom pra ser a primeira montanha de altitude por conta das dificuldades, mas que estas dificuldades são boas para você fazer um teste para o Aconcágua isso sim é! 

Neste quesito podemos concluir: Montanhas com aproximação, por mais que sejam fáceis, como é o caso do Cerro Plata exigem mais da gente em termos físicos e de logística, pois sua comida e equipamentos precisam percorrer o mesmo caminho de você.

Então o que é fácil?

Destrinchando os elementos acima vamos direto ao assunto. Uma montanha é fácil desde que não tenha vertentes muito íngremes, tanto de gelo quanto rocha e portanto não nos exige conhecimentos técnicos de escalada e a montanha também não pode ser muito distante, ou seja, não exige aproximação e nem acampamentos intermediários de altitude. Há isso em montanhas de 6 mil metros? 

A resposta é SIM!

Por mais que a altitude de 6 mil metros seja muito elevada há locais onde a base é bastante elevada também e você consegue chegar até a base de carro 4×4. Um destes locais é a Puna do Atacama, um planalto onde as médias altimétricas superam os 4 mil metros e que é repleto de vulcões, que formam montanhas com vertentes uniformes e de baixa inclinação (para os padrões do montanhismo). A Puna começa no norte da Província de San Juan e o altiplano boliviano é de certa forma a extensão dele, porém com vertentes diferenciadas, onde no lado leste temos montanhas de cavalgamento de placas (como a cordilheira Real, onde as montanhas são mais técnicas) e de outro vulcões, onde aí sim há montanhas mais fáceis.

Pedro Hauck no topo do Sierra Nevada com a Puna do Atacama e seus vulcões ao fundo.

Nevado San Francisco – Chile/Argentina

Seguindo os conceitos sobre o que pode fazer de uma montanha fácil, acabamos entrando na seara das montanhas da Puna e a primeira que nos vêm na mente é o Nevado San Francisco, até por que tem gente que vende essa montanha de 6018 metros de altitude como “o 6 mil mais fácil dos Andes”. Será que é mesmo?

Cume do Nevado San Francisco

No Nevado San Francisco conseguimos chegar de 4×4 até 5150 metros de altitude. Logo após isso, vencemos um ressalto e temos que descer um vale, que na ida tudo bem, quem não gosta de descer né? Neste vale começa a subida do San Francisco, que é uma longa diagonal, de pouca inclinação, que termina na cratera da montanha, onde a inclinação diminui. Porém o cume fica no fundo da cratera, logo após uma subida final que fica íngreme de novo. Temos um pouco mais de 4 km do carro ao cume, mas os cerca de 800 metros de desnível, com a longa diagonal, o cruzamento da cratera com a subida final leva muita gente menos experiente à exaustão. Para piorar, aquela descida inicial vira subida no fim e é uma pegadinha desagradével para quem já não aguenta mais.

Considero o San Francisco uma boa experiência de altitude para quem está começando. Ofereço essa montanha para meus clientes, porém realizando uma excelente aclimatação que fez com que, nas últimas 3 vezes que guiei essa montanha todos meus clientes fizessem cume, TODOS. Entretanto, vários chegam muito cansados e no meu conceito chegar perto do limite físico mostra que neste quesito ela não é “a mais fácil”.

Nevado San Francisco

Cume: 6018m
Base: 5150m
Desnível: 868m
Terreno: Trilha bem marcada, neve e baixa inclinação


Vídeo que mostra como é a ascensão ao Nevado San Francisco com Pedro Hauck da Soul Outdoor.

Cerro Vicuñas – Chile

Uma alternativa ao Nevado San Francisco é o Cerro Vicuñas, que fica próximo e tem 6067 metros de altitude. A morfologia de vulcão e o tipo de terreno é parecido com o San Francisco, porém, como ele é menos frequentado, não tem trilha e se você não tiver guia, será mais difícil achar o caminho. 

No Vicuñas você também chega alto de carro, até 4800 metros. No entanto, se o terreno estiver bom, é possível ir mais adiante, chegando a 5 mil metros, onde você precisa começar a caminhar. A rota não apresenta dificuldade técnica alguma e não tem pegadinha, você sobe sem parar e se for pelo caminho correto chega direto ao cume (digo isso, pois se for pela crista Nordeste você chega num falso cume). É fácil? Sim! Porém tem uma ascensão de cerca de 1000 metros, ou seja, maior que no San Francisco

Cerro Vicuñas

Cume: 6067m
Base: 5030m
Desnível: 1037
Terreno: Sem trilha demarcada, rocha solta e neve. Baixa inclinação.


Vídeo que conta uma ascensão ao Cerro Vicuñas com Pedro Hauck. 

Peñas Blancas – Chile

O menos conhecido Peñas Blancas (ou Peña Blanca, é preciso confirmar se o nome está no plural), têm surgido como alternativa ao SanFra e ao Vicuñas como uma montanha de 6 mil metros para iniciante no Chile. Entretanto, exatamente por ser menos conhecido ele não tem trilha, o que não é um grande problema, pois com guia é fácil você se achar, mas, ele também não tem uma trilha definida para se chegar em sua base em carro 4×4, que acaba sendo uma aproximação complicada, ainda mais por que fazemos a noite. São 22 km de 4×4 em meio ao deserto em locais com pedras e fácil de se perder.

Uma vez que chegamos no ponto onde começamos a caminhada, a 4966 metros, o caminho não é difícil, pois tem uma baixa inclinação. São apenas 4 km até o cume, mas no final há um falso cume, que pode dar um desânimo. Entretanto, do falso cume ao cume verdadeiro é rápido e fácil. 

Pedro Hauck ,Maria T. Ulbrich e Ricardo Rui no cume do Peña Blanca.

Peñas Blancas 

Cume: 6063m
B
ase: 4966m
Desnível: 1097
Terreno: Sem trilha demarcada, rocha solta e neve. Baixa inclinação.

Barrancas Blancas – Chile

O Barrancas Blancas é outra montanha localizada perto das três montanhas citadas acima. Ela tem uma aproximação 4×4 bem fácil e óbvia, sendo a mais fácil de todas. No entanto, o carro não chega tão alto, apenas 4800m e isso faz com que a ascensão tenha que ser mais longa. 

Fora isso, o terreno é ruim, pois é formado de acarreos, que são seixos soltos e empilhados onde uma passo para cima pode resultar em dois para baixo. Subir acarreo é muito difícil fisicamente. A trilha tem cerca de 6km.

Barrancas Blancas 

Cume: 6141m
Base: 4800m
Desnível: 1341m
Terreno: Acarreo e inclinação mediana

Guallatiri – Chile

O Guallatiri é um vulcão bastante ativo no norte do Chile próximo da fronteira com a Bolívia com 6076 metros de altitude e muito próximo do Acotango e Capurata. Ele é menos conhecido e menos frequentado, mas é bem fácil.

Como em vários outros vulcões, uma estrada mineira nos leva bem alto em suas ladeiras. Porém, devido ao abandono das atividades mineiras, a estrada está em mal estado e não é possível subir além dos 5200 metros, onde precisamos começar a caminhar. 

A ascensão não é difícil, um grande zig zag em terreno rochoso e as vezes nevado que nos leva até a cratera onde há uma enorme fumarola sulfurica. 

Vista do cume do Guallatiri com o Acotango (esquerda) e Capurata (direita).

Guallatiri

Cume: 6076m
Base: 5366m
Desnível: 840m
Terreno: Antiga estrada mineira, rampa de rochas e neve.

Aucanquilcha – Chile

Mais ao norte, próximo da fronteira com a Bolívia e tendo como cidade base Calama, temos o Aucanquilcha, que tem uma peculiaridade. Próximo a seu cume, a 5900 metros de altitude, havia uma extração de enxofre, onde funcionou a mina mais alta do mundo até 1994. 

Até hoje há a estrutura da antiga mineradora no Aucanquilcha, como os teleféricos de minério e as estradas que usamos para chegar lá. Entretanto, o tempo de abandono deixou essas estradas em ruina e infelizmente não conseguimos chegar tão perto da montanha como antigamente. Antigamente também havia um caminho mais rápido entre o vilarejo mais perto, Ollague e a base da montanha, mas como a estrada ficou abandonada, precisamos fazer uma aproximação de 65km de carro.

Do local onde conseguimos chegar dirigindo até o cume são 5,3km, sendo que metade disso é sobre a antiga estrada que leva à mina. A subida se dá pelos zig zags da antiga “estrada” que dá na mina que fica na cratera a 5900. Dali até o cume desaparecem o caminho, mas não é nada muito complicado.


Vídeo com a escalada do Aucanquilcha.

Aucanquilcha – Chile

Cume: 6196m
Base: 5030m
Desnível: 1049
Terreno: Acarreo, rochas soltas e poeira

Chachani – Peru

Este vulcão peruano de 6057 metros perto de Arequipa não apresenta dificuldades técnicas. É possível chegar de carro a 5 km de seu cume. Ele apresenta uma ladeira de rochas solta e muita poeira e na volta tem uma subidinha que é a pegadinha de quem está quase terminando.

Chachani

Cume: 6057m
Base: 5059m
Desnível: 1166
Terreno: Antigo caminho mineiro, rochas soltas e neve.

Acotango – Bolívia/Chile

O Acotango é o quarto 6 mil da região de Sajama na Bolívia, digo quarto, pois o trio Parinacota, Pomerape e o Sajama, que é a montanha mais alta deste país andino, são mais famosas. O Acotango é fronteira com o Chile, mas escalar ele pelo lado boliviano é muito mais fácil, pois lá há uma estrada mineira que leva até a altitude de 5643 metros também numa extração de enxofre. 

:: VEJA MAIS: Expedição Vulcões da Bolívia – Soul Outdoor.

Levando em consideração que o cume tem 6014, são apenas 371 metros de desnível topográfico, sem sombra de dúvidas o menor ataque a um cume de 6 mil metros dos Andes se considerar apenas as diferenças de altitude. No entanto, não se engane, pois o caminho não é uma mera ascensão, mas sim uma travessia pelo que seria a borda oeste da antiga cratera do Acotango que está deformada. Essa travessia se faz por uma crista, cheia de subidas e descidas de 2,8km, o que não é muito, mas como disse, é cheio de subidas e descidas. O trecho final é a maior inclinação e o trecho de maior amplitude altitudinal.

Cume do Acotango.

No Acotango há outra rota, pois nem sempre conseguimos chegar de carro a 5643 metros, pois é tão alto que muitas vezes tem neve e gelo que impede os carros de irem até lá. 

Neste caso, temos que fazer a ascensão pelo vale da antiga cratera, iniciando a caminhada a 5418 metros e percorrendo 2,9km. Um pouco mais difícil.

Acotango

Cume: 6014m
Base: 5643m ou 5418
Desnível: 371m ou 596m
Terreno: Antigo caminho mineiro, rochas soltas e neve.

Uturuncu – Bolívia

Deixei para o final a montanha que considero o 6 mil mais fácil dos Andes e na descrição vou dizer o porquê.

O Uturuncu também é um vulcão e como muitos, há nele uma extração de enxofre e como consequência uma estrada 4×4 que chega bem alto. A questão é que nesse gigante boliviano a estrada chega muito perto do cume. Se você for de moto, consegue andar em trechos da estrada que de carro não consegue devido à erosão e assim chega a 5765 metros, meros 225 metros de distância vertical do cume que neste caso é apenas uma rampa com trilha de apenas 900 metros!

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Uturuncu, sem dúvida a montanha mais fácil dos Andes.

Okay, essa rota é só para quem tem uma boa moto e sabe pilotar bem, pois é muito mais difícil chegar lá de moto do que escalar a montanha. No entanto, podemos chegar de 4×4 um pouco mais embaixo e fazer outra rota que mesmo sendo mais longa, ainda assim é muito curta e fácil.

De jipe podemos chegar sem percalços a 5590 metros e seguindo a estrada erodida fazemos à pé o caminho que se faz de moto, num caminho que totaliza 2,1km, sendo que 1,2 é da estrada em ruínas. É possível fazer uma rota direta entre o local onde se deixa o carro e o cume, mas é uma trilha um pouco mais inclinada, porém com apenas 900 metros ao invés de 2,1 km.

Agora que falei da parte fácil, que é fazer cume, vamos falar da difícil, chegar lá. O Uturuncu fica isolado no sul da Bolívia e só se chega lá por estradas de terra, a dois dias de Uyuni. Claro, por ser uma montanha bem alta, não é possível ir lá direto sem antes ter feito uma aclimatação.

Uturuncu

Cume: 6008m
Base: 5765m ou 5590
Desnível: 243m ou 418
Terreno: Antigo caminho mineiro, rochas e às vezes neve.

Lista das 10 montanhas mais fáceis de 6 mil metros nos Andes 

  1. Uturuncu
  2. Aucanquilcha
  3. Acotango
  4. Guallatiri
  5. San Francisco
  6. Peñas Blancas
  7. Vicuñas
  8. Chachani
  9. Barrancas Blancas

Há outras montanhas fáceis de 6 mil metros nos Andes, como por exemplo o Vulcão del Viento, Medusa, Colorados, Peñas Azules e Reclus (todos acessados pela Argentina). Porém eles ficam em local muito isolado e de acesso extremamente difícil. Há outros como, Vulcão Solo, Vulcão San Pedro, Tórtolas (Chile) e Hualca Hualca (Peru), que têm aproximação e acampamentos superiores, mas são fáceis também. Ao total, das mais de 100 montanhas de 6 mil metros, cerca de 20 são de baixa dificuldade.

ATENÇÃO

Todas as montanhas de 6 mil metros possuem dificuldades que vão além de sua capacidade física. A média de tempo que uma pessoa demora para aclimatar para escalar uma montanha de 6 mil metros é de 10 dias. Não importa se a pessoa é atleta, treinada ou não. Aclimatar é indispensável para tentar uma ascensão a montanhas com mais de 5 mil metros.

Evitando o Mal de Altitude

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Sobre o autor

Pedro Hauck natural de Itatiba-SP, desde 2007 vive em Curitiba-PR onde se tornou um ilustre conhecido. É formado em Geografia pela Unesp Rio Claro, possui mestrado em Geografia Física pela UFPR. Atualmente é sócio da Loja AltaMontanha, uma das mais conhecidas lojas especializadas em montanhismo no Brasil. É sócio da Soul Outdoor, agência especializada em ascensão em montanhas, trekking e cursos na área de montanhismo. Ele também é guia de montanha profissional e instrutor de escalada pela AGUIPERJ, única associação de guias de escalada profissional do Brasil. Ao longo de mais de 25 anos dedicados ao montanhismo, já escalou mais 140 montanhas com mais de 4 mil metros, destas, mais da metade com 6 mil metros e um 8 mil do Himalaia. Siga ele no Instagram @pehauck

1 comentário

  1. Gostei muito da descrição das montanhas da cordilheira dos Andes, apesar de nunca ter praticado montanhismo, sempre fui um admirador das altas montanhas e sempre a preferência nas minhas viagens foi para a cordilheira, onde viajando de motor home, tive a oportunidade de atravesa-la em quatro lugares, desde Usuahia a San Pedro de Atacama. Parabéns pela reportagem.

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