Sherpas acusam Kristin Harila de sabotagem

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A montanhista norueguesa, Kristin Harila, ganhou as mídias e o reconhecimento da comunidade de montanhismo mundial após desafiar, e quase conseguir superar o recorde de Nirmal Purja, a pessoa mais rápida a escalar as 14 montanhas com mais de oito mil metros do mundo. Todavia, devido a questões burocráticas impostas pela China, ela não conseguiu escalar as duas últimas montanhas, o Shisha Pangma e o Cho Oyu.

Kristin e a equipe no cume do Shisha Pangma em abril de 2023

Longe de desistir, Kristin começou um projeto ainda mais audacioso: escalar os 14x 8000 sem usar oxigênio suplementar em menos de um ano. No entanto, nesse momento ela está no centro de uma grande polêmica. Os sherpas que acompanharam ela durante a escalada dos 12 cumes de 8 mil metros em 2022 a acusaram de boicotar a entrada deles na China. Segundo Dawa Ongju e Pasdawa Sherpa isso seria uma forma de não permitir que eles escalassem as mesmas montanhas e batessem o recorde junto com ela.

Os Sherpas contaram que chegaram a receber o visto da China, mas dois dias depois, a documentação foi suspensa. “Eles nos disseram que não poderíamos ir para a China, pois tínhamos estado recentemente no Paquistão. Durante a entrevista, dissemos claramente à embaixada que tínhamos estado no Paquistão e eles não tinham nenhum problema, mas dois dias depois de obter nossos vistos, nosso agente nos disse que não poderíamos ir. Não faz sentido”, disse Dawa Ongju Sherpa ao site Online Khabbar.

Ainda de acordo com eles, que trabalham para a 8k expedition, essa foi uma manobra feita por Kristin e pela Climbalaya, agência que acompanha a montanhista em seu projeto, através de suborno. “É isso que o dinheiro pode fazer. As pessoas estão trazendo a política para o montanhismo e isso é nojento”, disse Dawa Ongju.

A defesa

A embaixada chinesa afirmou que os vistos foram cancelados porque os Sherpas retiraram a solicitação antes do prazo. No entanto, os dois alegam que foi a Climbalaya que realizou todos os trâmites burocráticos. Por sua vez, a Climbalaya ressalta que os dois conseguiram os vistos, mas tiveram ambos cancelados e que nada tem a ver com esse cancelamento.

Já Kristin afirma que não teve nenhuma participação nisso. “O fato de eu ter conseguido e eles não está, infelizmente, fora do meu controle. Eu queria muito que eles se juntassem a mim. Foi com o coração pesado que percebi que tinha de sair sem eles. Mas meu novo projeto exigiu que eu saísse naquele momento” escreveu a montanhista em sua rede social.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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