Tiago Korb escala 16 montanhas em uma temporada e completa 46 cumes acima de 6 mil metros

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O montanhista brasileiro Tiago Korb, natural de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, realizou uma expedição de mais de cinco meses na qual escalou 25 montanhas com mais de 6 mil metros de altitude. Dessas, 16 eram inéditas para ele. Com esse feito, Korb se tornou o segundo brasileiro com maior número de cumes acima dos 6 mil metros com 46 montanhas diferentes, ou seja, o segundo colocado na lista do Clube dos 6 mil.

Tiago Korb.

 

 

Chile e Argentina

A expedição teve início no Chile, no final de 2024, e percorreu mais de 36 mil quilômetros — tudo isso de forma solitária. A primeira montanha foi o Vulcão Patos, também conhecido como Três Quebradas (6.236 m), no Chile. Na sequência, ele seguiu para o Vulcão Veladero (6.436 m), na Argentina, onde chegou ao cume no primeiro dia de 2025.

Entre os vários desafios da expedição, Korb destaca o momento em que atolou o carro a 5.100 metros de altitude, ainda no início da viagem, enquanto se aproximava da base do Veladero. Como estava sozinho, precisou pedir ajuda. No entanto, por se tratar de um local remoto, nem mesmo o resgate conseguiu acessá-lo com facilidade e ele só conseguiu sair do local dois dias depois.

“Chamei, via Starlink, uma empresa de passeios 4×4 de Villa Unión. Mesmo com o track do GPS, eles não sabiam usá-lo. Acionaram um veículo do exército argentino para acompanhar. A caminhonete do exército atolou no dia 31/12, 7 km abaixo de onde eu estava. As esposas dos oficiais estavam desesperadas, e o exército estava incomunicável. Eu era a ponte de qualquer informação por ter Starlink, InReach e rádio VHF. Eles pegaram carona na caminhonete da empresa ao abandonar o carro na areia movediça onde ficaram presos. Às 23h30, quase no Réveillon, um grupo de montanhistas de Vinchina veio me resgatar. À 1h30 fui dormir e, na manhã seguinte, fiz o cume”, relatou.

Carro atolado no Chile. Foto: Tiago Korb

Em seguida, Korb escalou o pouco conhecido Vulcão Baboso (6.070 m), na Argentina. Na fronteira entre Chile e Argentina, repetiu o Nevado San Francisco (6.018 m) duas vezes nesta temporada — uma com Juscelino e outra com Leonardo Tenenbaum —, totalizando sete cumes nessa montanha.

Depois, seguiu para o Vulcão San Pablo (6.110 m), no Chile, onde escalou sozinho, aproveitando ainda para subir o vizinho Vulcão San Pedro (6.145 m), que já conhecia. Korb também repetiu o Vulcão Palpana (6.035 m), em solitário, onde encontrou uma pirca inca (parede de pedra) a 5.900 metros e fragmentos de madeira da época, um achado raríssimo, considerando que não há madeira naquela altitude.

Ruína Inca. Foto: Tiago Korb

Pilha de madeira levada pelos Incas até a montanha. Foto: Tiago Korb

Continuando pelo Chile, fez ascensões solo no Vulcão Socompa (6.051 m) e no Vulcão Salín (6.028 m), ambos inéditos para ele. Ainda nessa região, escalou o Cerro Pular (6.233 m) e se tornou o primeiro brasileiro a alcançar esse cume.

Peru e Bolívia

Com 36 montanhas diferentes no currículo, Korb seguiu para o Peru, onde escalou o Vulcão Chachani (6.075 m) e o Vulcão Hualca Hualca (6.025 m). Depois, fez cume no Vulcão Ampato (6.288 m) e no Vulcão Coropuna (6.425 m). Metade dessas montanhas ele escalou enquanto ainda se recuperava de um resfriado.

Tiago Korb e Aleomar Gallassi, também integrante do Clube dos 6 mil. Foto: Tiago Korb.

Ele então retornou ao Chile para escalar o Vulcão Guallatiri (6.070 m), junto ao parceiro Aleomar Gallassi, alcançando seu 41º cume acima dos 6 mil metros. Com Gallassi, também escalou na Bolívia o Vulcão Acotango (6.052 m), o Vulcão Capurata (6.011 m), o Vulcão Parinacota (6.342 m) e o Vulcão Pomerape (6.282 m). Para encerrar a temporada, realizou solo o cume do Vulcão Alto Toroni (6.003 m), completando seu 46º cume acima dos 6 mil metros e se tornado o segundo no Clube dos 6 mil.

“Planejei tudo isso. Algumas montanhas venho estudando há cinco anos. No ano passado, já havia realizado 19 ascensões acima dos 6.000 metros, sendo 13 inéditas. Então, já tinha a experiência de uma temporada longa. Apenas aumentei a duração”, explicou.

“Não foi algo que simplesmente aconteceu. É muito caro realizar esse tipo de expedição. Requer planejamento detalhado: manutenção do carro, escolha de equipamentos e roupas, além do itinerário. O clima muda, e é necessário ir ao norte — mas só depois do fim do inverno boliviano.”

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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  1. Montanhas:
    1ª Tres Quebradas 6236 m (solo)
    2ª Veladero 6436 m (solo)
    3ª Baboso 6070 m
    4ª San Francisco 6018 m
    5ª Ojos del Salado 6893 m
    6ª San Francisco 6018 m
    7ª San Francisco 6018 m
    8ª Acamarachi 6046 m
    9ª Aucanquilcha 6176 m (solo)
    10ª San Pablo 6110 m (solo)
    11ª San Pedro 6145 m (solo)
    12ª Palpana 6035 m (solo)
    13ª Socompa 6051 m (solo)
    14ª Salin 6028 m (solo)
    15ª Pular 6233 m (solo)
    16ª Chachani 6075 m (solo)
    17ª Hualca Hualca 6025 m (solo)
    18ª Ampato 6288 m (solo)
    19ª Coropuna 6425 m (solo)
    20ª Guallatiri 6070 m
    21ª Acotango 6052 m
    22ª Capurata 6011 m
    23ª Parinacota 6342 m
    24ª Pomerape 6282 m
    25ª Alto Toroni 6003 m (solo)
    Pico subsidiário: Tres Cruces Norte 6030 m 🇨🇱