Conway era uma pessoa excêntrica, nascido em 1856 numa família com boas condições, ele estudou em colégios de elite e inclusive foi amigo próximo de intelectuais que se destacaram no meio acadêmico, como Karl Pearson, destacado matemático e contribuidor da teoria do Darwisianismo social.
Não é a toa que vários esportes surgiram nesta época, como o futebol, o cricket, o rugby, polo e outros. Todos decorrentes da necessidade de uma abastada classe média na busca de lazer, entretenimento e novos valores. O montanhismo moderno, como atividade esportiva, surgiu neste ínterim.
O final do século XIX também foi marcado pelo expansionismo do colonialismo, com países imperialistas europeus expandindo seus domínios em regiões mais remotas. O império britânico era um destes países e o montanhismo era usado como propaganda do domínio e da superioridade britânica sobre outros países imperialistas. Montanhistas destacados deste momento dispunham de patrocínios para conquistas montanhas altas e distantes mundo afora e a cordilheira dos Andes e o Himalaia foi palco desta expansão.
Em 1892, Conway partiu para o Paquistão patrocinado pelo Royal Society, Royal Geographical Society e pelo Clube Alpino Inglês numa expedição onde foi batido o recorde de altitude alcançado pelo homem na época. O alpinista britânico conquistou um cume subsidiário do Baltoro Kangri que ele calculou ter 7010 metros de altitude. Mais tarde a altitude real deste pico foi revisado em 6800.
Nesta época, as montanhas dos Andes eram um desafio possível aos alpinistas. Mais altas que as montanhas dos Alpes, mais distantes e com dificuldades logísticas e exploratórias, escalar uma montanha de 6 mil metros nos Andes era a cereja do bolo num mundo ávido por explorações. Em 1897, uma expedição inglesa fez cume com sucesso no Aconcagua. Seu guia, o suiço
Mattias Zurbriggen, foi o primeiro ocidental a chegar no topo do teto do continente.
Um ano depois, William Martin Conway realizou uma tentativa no
Aconcagua. Sua presença na “Sentinela de Pedra” é até hoje lembrada com um lugar chamado “Piedras Conway”, localizada a 4750 metros na rota normal da montanha entre Plaza de Mulas e o acampamento Canadá.
Conway nos Andes da Bolívia.
Foi ainda em 1898 que Conway realizou seu feito mais notável ao escalar na Bolívia o Illimani, montanha de 6438 metros de altitude que é a segunda mais alta daquele país e também a mais alta da Cordilheira Real, que fica perto de La Paz.
O
Illimani é uma das montanhas mais belas da Bolívia. Por ser avistada de qualquer local da capital do país, é chamada de “guardiã de La Paz”. O explorador Frances Charles Wiener havia tentado escalar a montanha em 1877 sem sucesso, alcançando apenas um pico subsidiário que ele chamou de Pico Paris. 21 anos mais tarde, Conway, também com guias suíços, realizou a ascensão ao Pico Sul, o mais alto do Illimani e no caminho encontrou os restos de uma corda indígena que talvez tenha sido utilizada durante uma escalada pré colombiana.
Além do Illimani, Conway também escalou o
Ancohuma, montanha que na época era chamada de Pico Sorata, a terceira montanha mais alta da Bolívia e também o
Huayna Potosi. Ele também explorou e realizou uma tentativa de escalar o Monte Sarmiento na Patagônia chilena. Montanha até hoje muito pouco escalada.
Em virtude de sua carreira de montanhista e explorador, Conway foi presidente do Clube Alpino da Inglaterra entre 1902 e 1904. Em 1905 ele recebeu uma medalha do Royal Geographical Society e em 1908 foi o primeiro presidente do recém fundado Alpine Ski Club. “Sir” William Martin Conway faleceu em 1937 aos 80 anos de idade em Londres, na Inglaterra, ele deixou um longo legado de escaladas e publicações, tanto de arte quanto de montanhismo. Seus principais trabalhos, com títulos originais em inglês estão listados abaixo:
Livros de arte
• History of the Woodcutters of the Netherlands in the Fifteenth Century, 1884
• Early Flemish Artists, 1887
• The Literary Remains of Albrecht Dürer, 1889
• The Dawn of Art in the Ancient World, 1891, dealing with Chaldean, Assyrian and Egyptian art
• Early Tuscan Artists, 1902
• Art Treasures of Soviet Russia, 1925
• Giorgione as a Landscape Painter, 1929
Livros de montanhismo e exploração
• Climbing and Exploration in the KaraKoram Himalayas, 1894
• The Alps from End to End, 1895
• The First Crossing of Spitsbergen, 1897
• The Bolivian Andes, 1901
• Aconcagua and Tierra Del Fuego: A Book of Climbing, Travel and Exploration, 1902
• No Man’s Land, a History of Spitsbergen from its discovery in 1596 to the beginning of the Scientific Exploration of the Country, 1906
• Mountain Memories, 1920
• “Palestine and Morocco”, 1923