Altos da Mantiqueira: Consulta publica é suspensa sob protestos

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Protestos impediram a realização da primeira consulta pública sobre a implementação do Parque Nacional Altos da Mantiqueira em Pindamonhangaba – SP.


A&nbsp, proposta de transformar uma área de 87 mil hectares da Serra da Mantiqueira entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, em uma Unidade de Conservação de proteção integral descontentou os moradores da região Sul da Mantiqueira que manifestaram contra a realização do Parque Nacional ontem em Pindamonhangaba – SP.

De acordo com Ana Cristina Machado a prefeita de Campos do Jordão, cidade mantiqueirana que já tem um Parque Estadual, é difícil preservar e fiscalizar um parque. O prefeito de Pindamonhangaba, João Ribeiro, completa que um projeto destes não pode só levar em consideração os aspectos ecológicos da região, mas também sociais, pois ele teme que exista um decréscimo na economia das partes rurais do município e a prefeitura não possa fazer nada para melhorar a vida desta população.

Os prefeitos dizem ser surpreendidos pelo projeto e não sabem se há orçamento da União suficiente para arcar com os custos das desapropriações, de acordo com o arquiteto Urbano Reis Patto Filho, na região do vale do Paraíba existe o exemplo negativo da criação do Parque Nacional da Serra da Bocaina que passado 20 anos, ainda não resolveu os problemas fundiários e as famílias ainda não foram indenizadas.

A maioria dos manifestantes temem pelas desapropriações, e pela ameaça de perder o emprego e terem que ser removidas de suas casas à força. Entretanto, de acordo com o projeto do ICMbio, o parque não irá abrangir áreas urbanas e todas as propriedades rurais seriam indenizadas pelo valor de mercado, contando as melhorias, mesmo assim os produtores e empregados das lavouras e da silvicultura dizem não acreditar nas promessas. Os manifestantes acham que o projeto irá provocar o desemprego de 400 mil pessoas, mas não dizem qual é a fonte destas previsões.

Impopularidade da preservação?

Os manifestantes dizem não serem contrários à preservação da natureza, mas são à criação do Parque. Todo este preconceito e medo da criação de uma Unidade de Conservação advém da experiência que a região já tem de outros parques implementados, onde a visão de preservação do ICMbio, herdada do antigo administrador dos Parques brasileiros, o IBAMA, entra em conflito com a existência do homem, até mesmo na visitação destes parques.

Esta visão, adotada, por exemplo, no vizinho Parque Nacional do Itatiaia, é o Preservacionismo, uma mentalidade que enxerga que parques são “ilhas” de conservação onde a atividade humana é estritamente contemplativa, como se o homem fosse alheio à natureza. Isso forja uma relação artificializada com o meio ambiente, pois faz parte de uma concepção de um mundo “selvagem” criada pelo homem urbano, os técnicos de meio ambiente, que é muito diferente da concepção de natureza dos habitantes destas regiões, no caso, do povo que vive na Serra da Mantiqueira, que é uma das regiões mais pobres do Estado de São Paulo e que vive estritamente da atividade rural.

Basta dizer que a experiência de alguns parques na repressão de visitantes e a favor de uma suposta natureza intocada é tão ruim, que projetos excelentes e bem intencionados podem ser barrados pela população que se baseiam em suposições e boatos, muitas vezes sem fundamentos e até com promessas contrárias.

Estas são as conseqüências de anos de má gestão e autoritarismo dos parques brasileiros, onde tudo é proibido (inclusive o montanhismo). Quem paga o preço: A Natureza.

As datas e os locais das próximas reuniões serão mantidas como no planejamento original.

::Conheça a proposta da criação do Parque Nacional Altos da Mantiqueira

Fonte: Jornal Pindavale

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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