Mochila é encontrada 39 anos após morte de montanhista no Tupungato

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Dois montanhistas encontraram a mochila, uma câmera e o piolet do argentino Guillermo Vieiro 39 anos após sua morte no Tupungato. Vieiro faleceu quando retornava do cume dessa montanha remota. O corpo dele foi encontrado e resgatado, no entanto os equipamentos do montanhista continuaram desaparecidos até fevereiro desse ano.

A mochila encontrada no Tupungato

Foi quando o Equatoriano Oswaldo Freire e a argentina Gabriela Cavallaro estavam próximo ao cume com alguns clientes quando viram a mochila no meio da geleira e imaginaram que podia ser um corpo. Uma sequencia de fatores havia feito com que eles desviassem o caminho antes de chegar ao topo da montanha e um dos participantes do grupo não se sentia bem. Por isso Gabriela decidiu retornar com o cliente e avistaram o equipamento.

Ela desceu e pediu que outros integrantes do grupo investigassem melhor. Ao se aproximarem do objeto constataram que se tratava de uma mochila antiga, mas ainda intacta.

Como ela estava presa no gelo, os dois decidiram tirar fotos e levaram apenas uma câmera e o piolet para a base. Já de volta a cidade, fizeram uma pesquisa com outros montanhistas e descobriram que a mochila pertencia a Vieiro.

Um legado para a família

Os filhos do montanhista argentino foram informados. “Para nós esta descoberta foi muito chocante, não podemos acreditar que a mochila ainda esteja lá e nessas condições”, disse Guadalupe Vieiro que era recém nascida quando o pai morreu.

Guillermo Vieiro durante uma de suas escaladas.

Já o irmão mais velho, Rodrigo Vieiro contou que deseja recuperar a mochila. “Tive a necessidade urgente de saber o que tinha na mochila, se ele escreveu alguma coisa, se estava organizado. O que ele trouxe, o que câmera contém. E uma necessidade absoluta de recuperar tudo o que era dele, para mostrar também aos netos. Acho que recuperando aquela mochila que ele carregou por tanto tempo, ele também poderá descansar em paz”, declarou ao jornal Los Andes.

Com o fim da temporada não foi possível montar uma nova expedição para recuperar a mochila. No entanto Guadalupe e o guia Freire já planejam retornar ao local para resgatar o equipamento no próximo verão.  “Não pude voltar (ao vulcão) neste verão, mas preciso descer a mochila e entregar para a família para que eles possam encerrar”, afirmou Freire.

Guillermo Vieiro foi um renomado montanhista argentino. Em seu currículo há diversas escaladas, entre elas as expedições pela Rota dos Polacos e pela parede sul do Aconcágua, duas rotas com alto grau de dificuldade. Ele também foi um dos responsáveis por abrir uma rota nas geleiras da face leste do teto das Américas. Em 1971 esteve no Everest e em alguns anos depois passou três dias acampado no cume do Aconcágua para se preparar para uma nova expedição ao Himalaia junto com seu parceiro Ulises Vitale.

Em 1985, ele e Leonardo Rabal faleceram quando foram suspreendidos por um terremoto após escalar o Tupungato por uma nova rota.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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