A história dos refúgios do Ojos del Salado

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O Ojos del Salado é a montanha mais alta do Chile, o vulcão mais alto do mundo e certamente o pico mais famoso da Puna do Atacama, região que vem cada vez mais ganhando destaque por abrigar dezenas de montanhas altíssimas que são muito pouco escaladas.

Diferente da maioria das montanhas andinas, o Ojos, como carinhosamente chamamos o teto do Chile, faz parte de um seleto grupo de picos que têm refúgios de montanhas. Neste gigante andino não há apenas 1, mas sim 4 abrigos que servem gratuitamente os montanhistas. São eles: Refúgio Claudio Lucero (erroneamente chamado de Murray), Refúgio Atacama, Refúgio Tejos e Amistad.

Simplórios, porém, uteis, estes abrigos são uma ajuda extra à grupos de montanhistas. Além de serem referencias importantes na montanha, estes abrigos tem histórias interessantes e curiosas e merecem ser destacadas. Vamos conhecer um pouco melhor elas.

Refugio Murray e Claudio Lucero

Refúgio Claudio Lucero em 2013. Foto Pedro Hauck

O primeiro refúgio da montanha, localizado à 4500 metros de altitude a poucos quilômetros da estrada CH31, que é a estrada internacional que liga o Chile à Argentina se chama Claudio Lucero, mas no Chile todos o referenciam como sendo “Refúgio Murray”. Este refúgio, localizado na beira de uma escarpa vulcânica denominada de “Barrancas Blancas” é uma casa de 3 andares, onde no térreo há uma garagem coberta, no primeiro piso uma cozinha com algumas peças e no segundo um local destinado à habitação com camas que atualmente não tem mais colchões.

Refúgio Claudio Lucero em 2020. Foto Pedro Hauck.

Estrategicamente protegido do vento pela escarpa, o Refúgio Claudio Lucero foi construído para ser um posto de polícia dos Carabineros de Chile, que funcionou ali até meados da década de 80, servindo de aduana entre Argentina e Chile. Quem visita o refúgio hoje, nota que próximo há várias estacas de madeira no chão. Estas estacas eram a base de outra construção onde funcionava o Serviço Agrícola Ganadero, ou seja, o serviço de inspeção sanitária do governo.

O Claudio Lucero é um refúgio bem aconchegante, já passei muitas noites lá. Em 2017 ele foi parcialmente destruído pelos ventos, que levaram seu teto. Um pouco antes, ele estava infestado de ratos. Reconstruído, ele vem sendo pouco utilizado, pois não tem água por perto. Acabou perdendo espaço para o acampamento na beirada de Laguna Verde que tem vem sendo reconhecido como o verdadeiro acampamento base do Ojos del Salado pela vantagem de por lá ter águas termais.

Base da antiga casa onde funcionava o SAG, em frente ao Refúgio Claudio Lucero. Ao fundo o Cerro Barrancas Blancas.

100 metros ao lado do Claudio Lucero há restos de outra construção, onde ficava o refúgio Murray original. Esta ruína foi o que sobrou de uma hospedagem completa e muito bem construída que mais se assemelhava a um hotel do que um refúgio de montanha propriamente dito. A elegante construção do Murray original existiu por menos de 10 anos antes de ser totalmente destruída num incêndio.

Retem abandonado dos Carabineros do Chile em Laguna Verde em 2015. Foto Pedro Hauck.

O refúgio Claudio Lucero transformou-se em abrigo de montanha depois da destruição do Murray e após os Carabineros se mudarem para uma casa de arquitetura semelhante na borda da Laguna Verde, num local que foi o posto fronteiriço por alguns anos. Aliás, uma figura ilustre de nosso montanhismo passou por uma história ali que se eu contar vira fofoca. Os Carabineiros acabaram abandonando o posto movendo-se de lá para onde está hoje, ao lado do Salar de Maricunga, distante 90 quilômetros da fronteira. Hoje tanto Claudio Lucero quanto Maricunga não tem controle algum da Polícia e esta casa da Laguna Verde poderia até se tornar um novo refúgio, mas está abandonado e também não tem fonte de água próximo.

O nome do refúgio é uma homenagem ao andinista chileno Claudio Lucero, famoso por ter fundado a Escola Nacional de Montanha do Chile e ter participado de várias expedições ao Himalaia, 4 vezes no Everest e uma no Gasherbrum. Dentre suas polêmicas está sua participação no resgate em 1972 do voo 571 da Força Aérea Uruguaia que transportava o famoso time de rúgbi que se acidentou na cordilheira dos Andes e que teve sua história retratada no filme “Vivos” de Frank Marshall. Lucero fez uma infeliz afirmação que os sobreviventes do acidente aéreo ficaram 71 dias nos restos do avião por que queriam fama, enquanto o mais sensato e previsível seria terem descido dali nos primeiros dias após o incidente.

Talvez por suas histórias polêmicas, os chilenos preferem chamar a antiga aduana de “Refúgio Murray”, que era o nome do hotel em ruínas que ficava atrás do atual abrigo.  O elegante refúgio Murray original infelizmente foi incendiado no começo dos anos 1990 e quase nada sobrou dele. Em 1989, quando Waldemar Niclevicz fez a primeira ascensão brasileira ao Ojos del Salado, ele estava em funcionamento e ele conta que teve uma boa experiencia no local que o acolheu em sua expedição.  A motivação da construção deste Abrigo-Hotel merece ser contada a parte. Abaixo uma coleção de fotos do antigo Refúgio Murray feito por Johan Reinhard em 1985.

O acidente de Helicóptero da Anglo American

O arruinado refúgio Murray (fotos acima), primeiramente chamado de “Hosteria Barrancas Blancas”, foi construído em 1984 para ajudar no resgate do helicóptero Lama da empresa Helicopters Andes a serviço da mineradora Anglo American que se acidentou no dia 14 de abril daquele ano no Ojos del Salado. Infelizmente a hosteria funcionou por menos de 10 anos e seu nome e origem está totalmente relacionada a este desastre.

Helicóptero Lama no Aconcágua em 2004. Foto Pedro Hauck.

Louis Murray era o nome do diretor e geólogo da gigantesca mineradora multinacional sul-africana e estava no Chile visitando as instalações da Mina Esperanza e também de olho em novos projetos de exploração da Anglo American. Como era um aficionado por montanhas, ele queria ver de perto os grandes vulcões do norte chileno relevado havia pouco por algumas fotos da agencia espacial NASA que sugeriam oportunidades para a Anglo American e também uma chance para ele conhecer aquela ainda desconhecida paisagem.

Murray contratou a empresa Helicopters Andes que designou o experiente piloto Cesar Tejos, que era oficial da Força Aérea chilena e que ganhou destaque por ter trabalhado por muitos anos na Antártida. Eles escolheram um lendário Helicóptero Lama, uma aeronave francesa leve que era perfeita para voar em ar rarefeito. Este modelo de helicóptero, diga-se de passagem, foi por anos usado no Aconcágua. Tejos aceitou a missão de circular o Ojos del Salado e de fato o fez naquela manhã de Abril.

Ojos del Salado e montanhas adjacentes vista do cume do Ermitaño. Na esquerda se vê a Laguna Verde.  Foto Pedro Hauck 2020.

A missão de reconhecer a região do Ojos del Salado fez necessário uma logística de terra. Murray e Tejos moveram de caminhonete 4×4 com combustível e uma equipe para auxiliar nos voos. O primeiro deles partiu de Laguna Verde com 3 passageiros e o piloto, deu duas voltas circulando o cume do Ojos del Salado e retornou para a base ao lado do lago.

O dia estava perfeito, com pouco vento e céu azul. Por conta disso, o Helicóptero foi esvaziado com Murray e Tejos decolando para um segundo voo com aeronave mais leve, onde em tese eles poderiam tentar fazer um pouso em altitude. Mas eles nunca mais voltaram…

Aparentemente Tejos pousou no cume do Ojos del Salado, mas ao decolar de volta, o Helicóptero perdeu sustentação e caiu numa ladeira a leste do cume, num local de acesso muito difícil. Os ocupantes não faleceram no acidente, que inclusive pouco danificou a aeronave. No entanto, eles vieram a falecer mais tarde, vítimas de mal agudo da montanha e hipotermia. Afinal, não se pode ir numa altitude tão elevada sem aclimatar.

Este acidente motivou a construção do Refúgio Murray ao lado da então aduana do Paso San Francisco. Este belo refúgio serviu de base para o resgate do helicóptero que levou mais de um ano. Depois do resgate virou um hotel que serviu as pessoas que atravessam a fronteira de carro ou que escalavam o Ojos del Salado até que um curto no sistema de aquecimento destruiu o edifício por um todo.

A Anglo American, no entanto, não somente construiu este refúgio na montanha, como acabou por construir um segundo, numa altitude elevadíssima a 5900 metros que serviu diretamente na remoção do helicóptero acidentado, que foi desmontado e transportado para Santiago.  Este segundo refúgio foi chamado de Tejos.

Refúgio Cesar Tejos

Após o resgate dos corpos de Cesar Tejos e Louis Murray, os esforços da Anglo American se concentraram em resgatar o helicóptero Lama que não havia se perdido no acidente. Para tanto, a empresa sul-africana reconstruiu uma estrada usando sua motoniveladora que saia da Hosteria Barrancas Blancas e subia por 22 quilômetros até o já existente refúgio Atacama a 5200 metros.

A partir dali, foi aberta uma estrada completamente nova de 4,2 quilômetros e 700 metros de ascensão até o local escolhido para receber o refúgio a 5900 metros de altitude. O Abrigo foi feito de dois contêineres de navio em “L” que foram transportados por um trator super potente que arrastou as estruturas que tinham trenós em sua base. Estes contêineres haviam sido preparados e dentro dispunham de um quarto com beliches, uma cozinha, um banheiro e uma ante sala.

Imagem de drone do refúgio Tejos em 2019. Foto Pedro Hauck.

Refugio Tejos em 2015. Foto Pedro Hauck.

Refúgio Tejos em 2013. Foto Pedro Hauck. Na foto nota-se os trenós na base.

Interior do Refúgio Tejos em 2013. Foto Pedro Hauck.

Interior do Refúgio Tejos em 2013. Foto Pedro Hauck.

Em 1989, quando Waldemar Niclevicz usou este refúgio para realizar a primeira ascensão brasileira no Ojos del Salado, ele tinha aquecedor de ambiente e que o banheiro tinha até água quente, era um refúgio de luxo que nada deixava a desejar em relação aos refúgios nos Alpes, porém isso não durou para sempre.

Por alguns anos este refúgio foi concessionado pelo governo chileno, com a empresa Aventurismo assumindo o local e o explorando economicamente. A empresa, no entanto, não fez as melhorias prometidas e tão pouco conseguiu se sustentar por muito tempo, perdendo a concessão de deixando o local abandonado.

Apesar do abandono, o refúgio Tejos permanece bem cuidado e em uso. O banheiro já não funciona mais e não há mais sistema de calefação e nem água. Infelizmente algumas pessoas usam a área externa como banheiro e é preciso cuidado onde pisa.

Até pouco tempo atrás havia um cabo de aço na estrada que impedia que os carros chegassem neste refúgio. Com a falta de uso, a estrada se deteriorou e hoje é necessário um veiculo 4×4 especial para vencer os trechos de areia e erosão em grande altitude. O cabo de aço foi removido, mas a estrutura que o segurava continua lá.

Refúgio Atacama

Em ordem cronológica o Atacama foi o segundo refugio de montanha do Ojos. Porém se levar em conta que na época de sua instalação o Claudio Lucero era ocupado pela polícia, então ele acaba sendo o mais antigo com esta finalidade a ser instalado na montanha. Ele está localizado a 5200 metros de altitude é e um contêiner com isolação térmica que pode ser alcançado através de um veículo 4×4 com um bom motorista.

Refúgio Atacama em 2013. Foto Pedro Hauck.

Este refúgio era originalmente um observatório astronômico. Ele foi construído na União Soviética e foi doado para o governo chileno na época de Salvador Allende no começo da década de 1970, servindo a Universidade de Atacama em Copiapó.

Anos após o golpe de estado que derrubou Allende do poder, o ditador Augusto Pinochet ficou sabendo das instalações deste observatório e motivado pelo fato de que ele foi um presente dos comunistas, ordenou sua destruição, que de fato ocorreu. Os estudantes de geologia da universidade, que eram montanhistas, viram naquele contêiner um refugio de montanha perfeito para o Ojos del Salado, que é a montanha mais alta de seu país e na época não tinha estrutura nenhuma.

Este argumento acabou sustentando o projeto dos estudantes e eles conseguiram evitar a destruição total do antigo laboratório e transportar o contêiner para servir de refúgio na montanha. Para tanto contaram com ajuda do Exército que transportou o contêiner em um caminhão Unimog 4×4. Naquela época o caminho até onde está o refúgio Atacama era uma trilha 4×4 muito pior do que a de hoje. Então imaginem a dificuldade que foi o transporte deste refúgio e a lábia dos estudantes em convencer o exército em fazer este serviço.

Por conta das origens do abrigo, ele foi batizado de “Universidade de Atacama”, mas abreviando ficou somente Atacama. Um pouco depois da instalação desta facilidade, um dos idealizadores do projeto, o estudante de geologia Jorge Rojas Espinoza desapareceu no Ojos del Salado e o refúgio foi rebatizado com seu nome. Até hoje há uma placa em sua homenagem na parte externa do abrigo.

Interior do Refúgio Atacama em 2013 com sua cama sinistra. Foto Pedro Hauck.

O refúgio Atacama, no entanto, tem uma história sinistra. Como basta ter um veiculo 4×4 e coragem para dirigir até lá, é possível sair de Copiapó no Chile ou Fiambalá, na Argentina (respectivamente a 300 e a 100 metros de altitude) e chegar lá em um único dia. Realizar este itinerário é algo temerário por conta da aclimatação e pelo menos 4 pessoas que fizeram isso acabaram morrendo lá dentro de edema cerebral.

Contam que todos os corpos foram encontrados deitados na única cama no interior deste abrigo. Dentre os mortos, um brasileiro. Então pense duas vezes entre escolher a dormir lá dentro ou montar a barraca lá fora.  De qualquer forma, por ser muito pequeno, é melhor deixar este abrigo reservado apenas para as expedições cozinharem lá dentro. Durma em sua barraca.

Imagem de drone para o acampamento que se forma ao lado do refúgio Atacama. Foto Pedro Hauck.

Refúgio Amistad

Este foi o último refúgio a ser construído no Ojos del Salado e tem uma peculiaridade: É o abrigo de montanha mais alto do mundo!

Caminhão usado para bater recorde de altitude no Ojos del Salado em 2017. Fonte wkndheroes.com.

O Refúgio Amistad foi construído em novembro de 2017 por uma expedição composta por alemães, australianos, poloneses e chilenos que tinham por finalidade bater o recorde mundial de altitude alcançado por um caminhão e eles conseguiram.

Como consequência, acabaram por construir este refúgio a 6100 metros de altitude usando os próprios caminhões para transportar o material, composto por chapas preparadas para isolar termicamente o abrigo que é bastante simples: Uma construção triangular onde cabem 8 pessoas.

O mesmo projeto foi usado para construir um refúgio idêntico que está localizado próximo ao refúgio Atacama e que tem como finalidade auxiliar em resgates.

Apesar de ser o mais alto do mundo, o Amistad está fora da rota normal do Ojos del Salado e por isso ele é raramente utilizado e pouco frequentado.

Refúgio Amistad, a equipe que o instalou na montanha e o Ojos del Salado. Fonte wkndheroes.com

Outros Refúgios

Além destes refúgios localizados no Ojos del Salado há também outros que acabam servindo diretamente nas expedições no Ojos del Salado. O primeiro deles é o Refúgio Laguna Santa Rosa, localizado na beirada do lago de mesmo nome a 3640 metros de altitude e está dentro do Parque Nacional Nevado Três Cruces.

Até 2016 este refúgio era uma simples casa abandonada ao lado do lago, bastando chegar e ocupar. Passei muitas noites nessa refúgio esperando o tempo melhorar em épocas que pouca gente andava por lá. Boas lembranças destas épocas.

Refúgio Santa Rosa durante nevasca em 2015 antes da concessão. Foto Pedro Hauck.

O novo refúgio de Santa Rosa em 2020. Foto Pedro Hauck.

Atualmente este refúgio foi concessionado e a empresa que assumiu construiu um novo prédio com beliches e cozinha. Agora tem gente que cuida e até internet via satélite. Claro que tudo muito bem pago.

O outro refúgio é bem diferente do de Santa Rosa, mas também fica ao lado de um lago. O Refúgio Laguna Verde  a 4400 metros é um casebre já bastante detonado pelo tempo, feito pela Vialidad Nacional, uma espécie de DNIT do Chile, na época da construção da estrada internacional. Apesar do estado deplorável, esta casa foi muito bem planejada e dentro tem a “cereja do bolo” do local que o transformou no acampamento base do Ojos del Salado. Trata-se de uma piscina de águas termais que tem sua temperatura sempre oscilando entre 35 a 40 graus.

Piscina de água quente dentro do refúgio Laguna Verde. Foto Pedro Hauck.

Refúgio Laguna Verde em 2015. Foto Pedro Hauck.

Em Laguna Verde há várias piscinas naturais de águas termais, porém ter uma dentro de uma casa, por mais feia que ela seja, é um luxo e isso ajuda muito a recuperar nossas energias e relaxar entre um cume e outro e faz este local ser tão especial. Por isso, desde 2018 usamos Laguna Verde de campo base do Ojos em detrimento de Claudio Lucero. No entanto, acabamos por nem utilizar o refugio, que pelo menos pra nós é só piscina coberta. Utilizamos nossos domos que montamos na parte externa. Com domo cozinha e domo refeitório com mesas cadeiras e tudo mais. Dormimos em barracas 4 estações bem confortáveis.

Gostou desta história? Então participe de uma expedição ao Ojos del Salado. Todos os anos guio expedições a esta montanha espetacular!

:: Expedição ao Ojos del Salado

 

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Sobre o autor

Pedro Hauck natural de Itatiba-SP, desde 2007 vive em Curitiba-PR onde se tornou um ilustre conhecido. É formado em Geografia pela Unesp Rio Claro, possui mestrado em Geografia Física pela UFPR. Atualmente é sócio da Loja AltaMontanha, uma das mais conhecidas lojas especializadas em montanhismo no Brasil. É sócio da Soul Outdoor, agência especializada em ascensão em montanhas, trekking e cursos na área de montanhismo. Ele também é guia de montanha profissional e instrutor de escalada pela AGUIPERJ, única associação de guias de escalada profissional do Brasil. Ao longo de mais de 25 anos dedicados ao montanhismo, já escalou mais 140 montanhas com mais de 4 mil metros, destas, mais da metade com 6 mil metros e um 8 mil do Himalaia. Siga ele no Instagram @pehauck

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