Albert Mummery, o primeiro homem a tentar escalar um oito mil

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A vida de um alpinista é cercada de feitos e histórias na montanha. Com Albert Frederick Mummery não foi diferente. O montanhista britânico dedicou a sua vida a explorar novos picos e deixou um grande legado para seus sucessores antes da sua última e trágica escalada no Nanga Parbat.

Albert Frederick Mummery

Nascido em uma família abastada da Inglaterra em 1855, Mummery foi uma criança com sérios problemas de saúde e miopia. Mas as dificuldades da vida foram superadas quando ele conheceu as montanhas dos Alpes. Sua primeira escalada foi feita Colle del Leone quando ele tinha apenas 16 anos de idade ao lado do guia, Alexander Burgener.

A dupla Mummery e Burgener se tornou inseparável e juntos também escalaram a Aresta de Zmutt no Matterhorn, a Aiguille Verte da Geleira Charpoua e a Aiguille des Grands Charmoz. Um ano depois Mummery começou a escalar sem guias e a explorar montanhas nunca antes escaladas.

Mummery Crack em Grepón

Mummery e sua equipe foram os primeiros a chegar ao topo da Aiguille du Grépon nos Alpes, uma montanha até então considerada inacessível. A partir de então teve várias outras empreitadas de sucesso. Ele foi o primeiro a chegar no Dyhtau com 5.203 metros no Cáucaso.

Novos horizontes

Em 1895, o alpinista partiu para o Himalaia para escalar o Nanga Parbat ao lado de seus parceiros John Norman Collie e Geoffrey Hastings. Ele e sua equipe foram os primeiros a tentar escalar uma montanha com mais de oito mil metros de altitude.

Nanga Parbat no Paquistão

Mummery sempre foi cauteloso e se orgulhava de escalar sem o uso de técnicas artificiais de progressão. Mas nessa época ninguém havia chegado a uma montanha dessa magnitude e tampouco sabiam o que havia para ser enfrentado.

Os alpinistas fizeram uma primeira tentativa pelo lado sul e chegaram a mais de seis mil metros de altitude. Local hoje conhecido como “Costelas de Mummery”.  Porém, com as dificuldades encontradas eles decidiram descer e tentar outro caminho.

Ao tentar subir novamente, desta vez pela face do Rakhiot, Mummery e mais dois carregadores foram atingidos por uma avalanche e desapareceram. Seus corpos nunca foram encontrados e o Nanga Parbat só foi conquistado quase 60 anos depois desse episódio.

Minhas escaladas nos Alpes e no Cáucaso

Além das montanhas conquistadas, Mummery também deixou o livro My Climbs in the Alps and Caucasus (1895) que é uma referência para o montanhismo desde então. Nesse livro o alpinista considera as montanhas mais altas do mundo como um novo e ambicioso objetivo.

Ele também já visionava uma nova forma de escalada feita esportivamente, sem fins científicos e sem guias. Mummery defendia ainda a não utilização de meios artificiais e escreveu “a arte do alpinismo é melhorar o talento no auge dos picos por meios justos”.

Montanhas dos Alpes, algumas das preferidas de Mummery.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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