Faz três anos que estou no Rio de janeiro, antes ficava na ponte aérea Rio/BH e nos cruzes da BR040. Nestes anos conheci minha esposa, abri meu estúdio de tatuagem junto com Giovani Schenkel e fiz novos grandes amigos. Confesso que nunca passou pela minha cabeça morar em definitivo no Rio, mas as âncoras foram jogadas e o tempo foi passando. Quando minha esposa deu a notícia que tínhamos conseguido comprar um apartamento no bairro Grajaú, perto da Reserva Florestal, entendi que a equação iniciada há três anos tinha se
desenrolado, bem debaixo do meu nariz. Se era para ficar no Rio, que fosse colado na rocha.
Sobre o Autor
Gosto muito de navegar nas redes sócias e pescar dicas de viagens e fotografia dos amigos que postam suas trips de escalada, mas me assusto com o grau de intimidade que algumas pessoas expõem suas vidas dando brechas para comentários de duplo sentido e interpretações sujeitas a erro.
Assim que cheguei de Villa Alota (Uyuni/Bolívia), prometi à patroa que nossa próxima trip seria em um lugar mais quente, bem longe do frio e seco altiplano boliviano. Jurei também que assim que chegasse de Arenales (Mendoza/Argentina) iria pensar em algo como psicobloc na meca da modalidade em Mallorca, pegaria umas betas com Felipe Dallorto e curtiríamos um pouco de sol. Mas, por força do destino, Marcos Claver, amigo escalador de Belo Horizonte postou uma foto psicodélica em seu facebook e perguntou se eu já conhecia o lugar. Foi em uma breve pesquisa no google que encontrei as poucas informações do lugar e mostrei à comandante do lar. Em poucas horas tínhamos a gama de informações que precisávamos para chegar no Bosque de Pedras.
Antes de mudar para Minas Gerais, há mais ou menos dez anos, passava os dias na Reserva Florestal do Grajaú tentando acompanhar escaladores que estavam muito além do 8º grau. Botes impossíveis, solos incríveis e muita verdade nas poucas palavras que trocávamos. Nenhum deles postava nada em rede social ou pensava em estar em um filminho no youtube.
Mais um temporada nas montanhas de Tunuyán, Mendoza. Los Arenales se tornou um vício difícil de abandonar por suas grandes agulhas e infindáveis possibilidades. A cada ano que venho a este lugar (Esta é terceira temporada!) me apaixono mais por suas belas formações e energia que este grande vale emana. Na companhia dos amigos Alexandre Trindade e Eduardo Castro (Folha), um projeto de conquista a muito desejado e sempre abortado por falta de tempo ou mal tempo por fim saiu da prancheta.
Com os dias nublados, no velho chove e não molha do feriado de finados (02/11), aproveitei para ficar mais perto da família, curtir um pouco do fogão à lenha, boa prosa e colocar a leitura em dia. Com as crianças brincando no slackline e correndo pela casa deixando a avó com mais alguns cabelos brancos, me perdi em algumas páginas do novo livro de Paulo Coelho, Manuscrito encontrado em Accra.
Frio, ar rarefeito, rochas quebradiças e muitos blocos esperando para serem conquistados, foi este o projeto que engavetei em 2006 quando passava por Villa Alota em direção ao Atacama (Chile).
A melhor historia não começa com; Eu estava na Igreja quando… Ou; eu estava na farmácia quando de repente… Não, boas historias precisam de um ambiente propicio para o start, algo que consiga te tirar da condição de normalidade e mesmice e te colocar em um grande problema (rs). Trips de montanha, Pubs, botecos, férias de verão, escaladas perto de casa ou até uma visita a sua mãezinha lá no interior do estado.
Nossa falta de heróis nos faz considerar músicos decadentes insatisfeitos com a sociedade contemporânea e de opiniões contraditórias ao seu próprio estilo de vida como super-heróis de colam azul e cueca vermelha por cima das causas.
Chegando de mais uma temporada de escalada em terras Argentinas e com as energias renovadas. Grandes escaladas, novos e velhos amigos e muita historia para contar, mas que isso, a vibe do lugar é sensacional e contagia quem esta por lá. Esta foi minha segunda temporada em Los Arenales (Mendoza, Argentina) e a vibe do lugar parece aumentar a cada ano.