Maria Tereza Ulbrich, a brasileira que mais escalou montanhas acima de 6 mil metros – confira quais as últimas montanhas escaladas

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Diz o famoso cronista de montanha paranaense Júlio Fiori, que algumas pessoas se tornam célebres por escalar montanhas famosas, mas outras pessoas fazem sua fama ao seguir seu próprio caminho. Neste sentido, a montanhista paranaense Maria Tereza Ulbrich, uma pessoa que não busca afirmação e nem reconhecimento, vem chamando atenção por rapidamente conquistar um respeitado curriculum de montanha.

Maria Tereza Ulbrich no Mont Blanc.

Recentemente Maria Tereza escalou o Aconcágua, a montanha mais alta dos Andes e que certamente é o 6 mil andino mais frequentado por brasileiros. No entanto, o que chamou atenção é que esta foi a décima terceira montanha com mais de 6 mil metros. Ainda assim é uma das poucas montanhas famosas que ela escalou.

No inicio de março, ela, seu parceiro Pedro Hauck e Ricardo Rui da Costa escalaram mais seis montanhas de seis mil metros no Puna do Atacama. As montanhas escaladas foram o Barrancas Blancas (6.125 metros), Ermitaño (6.080 metros), Fraile (6.068 metros), Muerto ( 6.516 metros), Vicuñas (6.066 metros) e Peña Blanca (6.030 metros), todas longe dos holofotes das montanhas mais conhecidas. Maria e Pedro também repetiram a subida ao Nevado San Francisco e o Ojos del Salado gguiando outros montanhistas.

Breve história até agora

Ainda pouco conhecida no meio de montanhismo brasileiro, Maria Tereza começou a subir montanhas há pouco tempo. Sua iniciação se deu com um curso de escalada em rocha ministrado pelo instrutor de escalada Pedro Hauck em Dezembro de 2013, empresa que ela acabou virando sócia quatro anos mais tarde.

Sua primeira montanha de grande altitude foi o Huayna Potosi em 2014. Entretanto, ainda com pouca experiência, ela não conseguiu atingir o cume. Seu primeiro cume andino, no entanto, foi no pouco conhecido Nevado Macón, uma montanha de 5500 metros localizada no norte da Argentina. Nesta viagem ela também escalou o Nevado Acay, de 5700 e seus dois primeiros 6 mil, os remotos e pouco conhecidos Quewar de 6140 metros e Socompa de 6051. Isso foi no começo de 2015.

Maria Tereza na impressionante ruína inca no cume do Quewar.

No ano seguinte, já trabalhando junto com Pedro Hauck, ela retornou à Bolívia, mas desta vez para fazer cume no Huayna Potosi com 6088 metros e depois no Acotango 6044, Parinacota 6348 e Illimani 6430, num ano bastante seco, onde as montanhas impuseram grandes dificuldades.

Ainda em 2016, ela participou da expedição Andes 6k, patrocinada pela Red Bull e que virou um documentário da famosa marca de bebidas austríaca. Ela mal aparece no filme, porém nesta expedição Maria Tereza atingiu três cumes. O Vulcão Antofalla de 6480 metros, Vulcão Vallecitos de 6168 e Colorados de 6080 metros. Todavia, todas montanhas extremamente isoladas e que raramente têm ascensões.

Após um período sem estar presente em grandes montanhas, ela retornou aos Andes em 2019 para acompanhar expedições de sua empresa e fez cume no San Francisco de 6018, Ojos del Salado 6893 metros e o Cerro Plata, que mesmo não sendo um 6 mil, é um clássico andino com 5935 metros. Ainda neste ano, ela fez sua primeira montanha fora da América do Sul, o pouco conhecido Chulu Far East, montanha de 6059 metros no Nepal. Agora com o cume no Aconcágua e nos outros seis mil metros , ela completa 19 montanhas acima de 6 mil metros, sendo 18 nos Andes!

Maria Tereza Ulbrich, de calça rosa, no cume do Ojos del Salado.

Mais sobre Maria Tereza

Bastante low profile, a turismóloga e sócia de uma das maiores agencias de montanhismo do Brasil é a terceira pessoa no país com mais experiência em montanhas acima de 6 mil metros nos Andes. Assim, ela esta atrás apenas de Pedro Hauck (51 cumes) e Waldemar Niclevicz (30), todos consagrados montanhistas.

Mesmo com um currículo de 6 mil recheado, não significa que ela escale apenas por números. Em 2019 ela também escalou outras montanhas emblemáticas, como o Elbrus na Rússia e o Mont Blanc na França, além de ter feito pela primeira vez o trekking até a base do Everest. Fora isso, ela também escala em rocha e já fez montanhas importantes como o Dedo de Deus, Pico Maior de Friburgo, Cantagalo de Petrópolis. É uma das poucas guias de montanha mulher do Brasil que se dedica a trekking, escalada em rocha e alta montanha, sem falar que também é socorrista voluntária do famoso grupo de resgate  COSMO, sediado no Marumbi, famosa montanha paranaense.

Em 2021, Maria Tereza realizou mais um grande feito, escalando o Himlung Himal, montanha de 7136 metros localizada no Nepal.

 

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

6 Comentários

  1. no texto “ mais sobre maria tereza” vocês citam grandes nome: “Assim, ela esta atrás apenas de Pedro Hauck (46 cumes) Waldemar Niclevicz (30) e de Marcelo Delvaux (22), todos consagrados montanhistas.”

    E a respeito de Paulo e Helena Coelho??? nenhuma menção???

  2. Marcio
    Temos diversos textos contando as histórias da Helena e do Paulo. Quase todos sobre suas conquistas no Himalaia. Sem dúvida são figuras históricas no nosso montanhismo, no entanto não temos os dados de suas ascensões andinas. Temos coletas de estatísticas de ascensões brasileiras nos Andes, porém eles não querem divulgar seus feitos. É uma pena, pois assim a história fica contada pela metade.

  3. Muito legal ver esse tipo de notícia. Ainda rola muito tabu do montanhismo no meio feminino. Parabéns para a Maria! Tenho certeza que as lembranças são indescritíveis.

  4. A matéria deveria fazer ao menos uma menção honrosa a Maximo Kausch que é de fato o recordista mundial nos 6k. Mesmo tendo nascido na Argentina, tem o coração brasileiro.

  5. “é a quinta pessoa no país com mais experiencia em montanhas acima de 6 mil metros nos Andes. Assim, ela esta atrás apenas de Pedro Hauck (51 cumes) Waldemar Niclevicz (30) e Marcelo Delvaux (22),”

    Creio que há um erro de Matemática aqui. Se ela está atrás apenas de Hauck, Waldemar e Marcelo, ela é a quarta, não a quinta.

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