Dos doidos de pedra que primeiramente pisaram o cume do Balança, depois de décadas de abandono, só o Moisés e o Ivon Cesar (Índio Sexta Feira) ainda não haviam completado a Travessia da Farinha Seca. Este enfrentamento foi inúmeras vezes agendado neste final de ano e sempre adiado pelas mais diversas razões até que na manhã de sábado, 7/ janeiro/2012, chegou a hora.
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O Guaricana é uma montanha de aproximadamente 1540 metros de altitude que se eleva ao norte do conjunto Ferreiro e Ferraria na Serra do Ibitiraquire. O antiguíssimo caminho pré colonial ainda chamado de Picadão do Cristóvão percorre suas encostas até o selado que separa estas montanhas e depois despenca em direção ao litoral onde cruza com a Trilha da Conceição aberta pela Copel em meados do século passado.
Em 2007, depois de escalar o Ferraria num só ataque, partindo do Discoporto e percorrendo toda a crista leste para alcançar o cume e descer pela rota clássica até a Picada do Cristóvão retornando pela Estrada da Conceição, juramos de pés juntos que jamais repetiríamos a experiência. Mas o tempo passou cicatrizando as feridas e quando finalmente só restaram às boas lembranças foi anunciado o fim dos trabalhos de abertura de uma trilha percorrendo esta mesma aresta. Que cachorrada!
A face Leste do Ferraria percorre uma enorme crista da montanha de 1500 metros de desnível.
Quem desce a Estrada da Graciosa, famosa vereda de paralelepípedos graníticos q interliga o planalto curitibano ao litoral, não deixa de se encantar com o enorme e verdejante cadeia montanhosa q ladeia a sinuosa estrada desde seu inicio. Falamos da Serra da Farinha Seca, q embora na carta surja agregada a Serra da Graciosa, na verdade é um único acidente geográfico q recebeu dois nomes por confundir-se com a estrada homônima. Independentemente disso, formam uma única e majestosa cumeada de 10kms q se espicha a partir do Morro Mãe Catira e finda no Morro da Balança.
Após um tanto abandonamos o riacho e passamos a escalaminhar o ultimo trecho em meio a quiçaça lenhosa e muita bromélia, pra então emergir nos 1438m no topo do 00B, já no Tapapui, por volta das 17:30. Não deu nem tempo de descansar direito em meio à mata arbustiva ressequida, apenas pra apreciar o belo visual do mar de nuvens q cobria td ao nosso redor deixando apenas visíveis os cumes próximos, tanto da crista percorrida como do q ainda faltava. Por esparsas brechas nas nuvens vislumbramos as magníficas paredes do Morro Sete, as encostas do Pequeno Polegar e do Farinha Seca na vertente oposta. Sem mto esforço, avistavam-se neste &ldquo,marzão&ldquo, tb as &ldquo,ilhas&ldquo, do Ibitiraquire e do Marumbi, respectivamente ao norte e ao sul. Uma pequena clareira em meio à espessa vegetação parecia ser o único lugar decente pra pernoite no topo. No entanto um forte e frio vento começou a castigar o cume, ameaçando nos varrer dali. Isso bastou pra desestimular td e qq idéia de pernoite com bivake por ali. Sim, ninguém carregava barraca a não ser a Vi e o Fabio! Decidimos então prosseguir adiante rumo ao selado entre o Tapapui e Farinha Seca, por sinal bem mais protegido e confortável.
As encostas íngremes e os paredões negativos do Morro da Balança guardam calados os acontecimentos de um fim de semana frio e chuvoso que, mesmo depois de passados tantos anos, ainda desperta a curiosidade e atenção dos que ouvem a história. Aqueles paredões são as únicas testemunhas do infortúnio que precocemente tirou a vida de Oséas Gonçalves Araújo, o Black, e para sempre guardarão seu segredo.
Na sexta feira, 8 de abril, o tempo estava magnífico, com sol forte e a temperatura agradável que nos motivou em preparar as mochilas. No Paraná temos um nome especial para o primeiro dia de sol depois de dois ou três dias de chuva gelada, chamamos este glorioso dia de segunda feira.
Montanhismo no Paraná é sinônimo de &ldquo,PP&ldquo, ou Marumbi, certo? Exato. Contudo, os cumes paranaenses vão muito além das possibilidades q a cordilheira do Ibitiraquire oferecem ou às limitações restritivas q a Serra da Marumbi permitem.
O Bira é um quarentão com uma protuberância abdominal considerável, mas não exagerada, que resolveu deixar de ser sedentário. Talvez depois de alguma experiência amedrontadora. No ciclo de vida masculino alguns gargalos são inevitáveis e há momentos em que se sente apenas medo e outros que geram verdadeiro e genuíno terror. A diferença entre um e outro não é apenas o fator de escala, na realidade o medo é uma reação natural experimentada imediatamente após a primeira vez em que não se consegue dar a segundona e o terror já é de outra categoria. Ele aparece na segunda vez em que não se consegue dar nem a primeira. O medo passa, mas o terror é prá sempre.