Como já falei diversas vezes aqui e no AltaMontanha.com, a dificuldade do montanhismo vai muito além da performance técnica e da preparação física. Diferentemente de outros esportes, no montanhismo o fator psicológico muitas vezes pesa mais do que aqueles dois primeiros juntos. Na escalada, o medo é um dos principais fatores limitantes; no montanhismo de altitude ou exploratório, a incerteza com relação ao meio, o isolamento e o tempo gasto em uma expedição passa a pesar negativamente para que a pessoa fique abalada com a solidão. Isso gera saudade das cenas mais triviais de sua vida e levando muitas vezes ao fim de sua epopéia montanhística.
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Era uma vez um fulano meio brasileiro, meio português, aqui devidamente denominado “Brastuga”. Feio, magro, barbudo e fedorento. Viajava já há 65 dias, resolveu realizar o sonho de chegar ao topo do vulcão Licancabur onde foi estabelecido o record mundial de scuba diving nú por dois outros loucos de outro lugar do mundo não tão fedidos na época, obviamente, pelo banho.
– Olha, o teu projecto está em condições!
A mais de mil quilómetros de distância conseguia sentir a excitação na voz do Miguel Grillo ao telefone. Nem sequer era necessário dizer-me o nome, para eu adivinhar a que projecto se referia. Estávamos em pleno inverno de 2002, e eu estava plantado em Benasque, no coração dos Pirinéus. O Miguel, o João (Animado) e o Hélder Massano encontravam-se na Serra da Estrela. Naqueles dias, tinham-se formado quase todas as cascatas habituais, incluindo a rara e emblemática Cascata do Inferno. Mesmo à direita desta ultima ex-libris, existe um tecto pronunciado desde o qual se ergue de quando em quando, uma fantástica cascata de gelo inacessível, a quase 30 metros da base da parede. Esta inacessibilidade, esta aparente impossibilidade, foram talvez os verdadeiros motivos que despertaram a minha imaginação, que atraíram os meus sonhos de aventura. Aquele tecto provocador de granito, um tecto que cortava inexoravelmente o acesso à bela linha de gelo imaculado, representava um desafio irresistível.
Após um breve descanso comecei a subir. Já passava das 13:00 e o céu estava escuro e ameaçador, mas não havia alternativa, teria que vencer os 650 m de desnível para alcançar o passo e encontrar um lugar para acampar. Eu já havia me abrigado e trocado o boné por um gorro, pois o frio aumentava e começava a ventar mais forte. Com todo o peso que eu carregava teria, no mínimo, umas 4 horas de subida pela frente. O início até que não foi tão difícil, já que a inclinação, que ainda era suportável, era negociada através de zigue-zagues que suavizavam um pouco o percurso. Com aproximadamente duas horas de subida cheguei a uma área mais ou menos plana e com sinais de ser utilizada como acampamento intermediário. Foi quando começou a chover e a nevar, simultaneamente. Era uma neve úmida misturada com uma chuva forte o suficiente para me encharcar. Deu vontade de acampar ali mesmo, mas ainda estava longe do objetivo do dia e o lugar era bem desconfortável. Coloquei a roupa impermeável, respirei fundo e continuei a subir.
Mais um temporada nas montanhas de Tunuyán, Mendoza. Los Arenales se tornou um vício difícil de abandonar por suas grandes agulhas e infindáveis possibilidades. A cada ano que venho a este lugar (Esta é terceira temporada!) me apaixono mais por suas belas formações e energia que este grande vale emana. Na companhia dos amigos Alexandre Trindade e Eduardo Castro (Folha), um projeto de conquista a muito desejado e sempre abortado por falta de tempo ou mal tempo por fim saiu da prancheta.
Desde do tempo das descobertas luso-castelistas na América, corriam noticias sobre a existência de um império das minas de prata e outras riquezas. Com informações de sendeiros, que conduziam à essa mítica serra da prata, bem como de caminhos que permitiam ligar o atlântico com o pacifico. Trilha que atravessava pôr dentro do Paraná e alcançava o império da prata, nos Andes. Também surge a historia de um português, que seguindo estes mesmos rumores, consegue atingir essa região tão desejada e trazendo provas concretas da existência de metais preciosos.
O vídeo Chapaless ficou excelente, mostraram várias fendas lindas de Itatiaia e o mais legal todas sem chapeletas! Somente proteção móvel, escalada em livre exigindo técnicas de entalamento e decida por destrepe ou em proteções naturais, definição completa de uma fenda perfeita.
Acabo de regressar de minha expedição ao Cerro Marmolejo, uma montanha de 6108 m localizada na fronteira do Chile com a Argentina. O Marmolejo é o seis mil mais austral dos Andes, ou seja, é a última montanha que ultrapassa essa altitude no sul do continente. É carinhosamente apelidada de Muy muy lejos pelos montanhistas , devido à longa e exaustiva aproximação necessária para se chegar à sua base.
Hora do rush em Santiago, todo mundo voltando para casa, e saímos totalmente equipados pela Av. Vicuña Mackenna. Maleta de mão e mochila cargueira com 25 Kg, bastões e piolet fixos do lado externo. Tomamos o metrô lotado na estação Baquedano.
– Permisso! Excusa! Sorry!
A direita cutucava um passageiro, a esquerda dois e para trás espremia três contra a parede.
Embarcamos para Santiago na expectativa de muita diversão na área dos lagos e vulcões do centro-sul do Chile, com previsões de tempo bom ao marcar as passagens dois meses antes, mas completamente adverso ao entrar no avião. A mim pouco importava, estava mais interessado no descanso mental que uma viagem desta sempre proporciona e na compra de um par de botas Atlas da Boreal para substituir as antigas que deram seu último suspiro na Travessia Ciririca-Graciosa no carnaval passado. Claro que a escalada de alguns vulcões de baixa altitude e mínima dificuldade só dariam mais sabor ao passeio, mas alta montanha estava decidido a não enfrentar.